O EVANGELHO SEGUNDO
MARCOS
INTRODUÇÃO
Visão geral
Autor: João Marcos.
Propósito: Apresentar as boas-novas de Yaohushua a um público essencialmente gentio por meio da narração do testemunho dos discípulos a respeito dos fatos notáveis sobre a vida, a morte e a ressurreição de O UNGIDO.
Data: 62-69 d.C., ou um pouco antes.
Verdades fundamentais:
Yaohushua era o aguardado Messias de Israel.
Yaohushua se revelou de modo especial aos seus doze discípulos.
Yaohushua demonstrou que era o Filho divino de Yaohu.
Yaohushua resistiu ao reconhecimento público para sofrer e morrer em favor do seu povo.
Yaohushua mostrou-se muito interessado em estender a salvação aos gentios.
A expansão das boas-novas acerca de Yaohushua exerce poder sobre o mal.
Propósito e características
O propósito principal de Marcos era fornecer por escrito um testemunho dos doze apóstolos quanto aos fatos da vida, morte e ressurreição de Yaohushua. Marcos considerava isso como a essência do evangelho (1,1). Ele não planejou escrever uma biografia ou um relato completo do ministério público de Yaohushua, mas simplificou o relato histórico a uma estrutura mínima, dividida em três partes: (1) a inauguração do ministério com João Batista, (2) o ministério público de Yaohushua na “Galiléia dos gentios” (Mt 4,15) e regiões circunvizinhas, e (3) a jornada final em direção a judeia dos judeus e a Jerusalém, para o sacrifício definitivo na cruz.
MARCOS. Ordem e temas principais. O segundo evangelho apresenta-se sob a forma de uma seqüência de narrativas geralmente breves e sem conexões muito precisas. Seu quadro mais característico é constituído por indicações geográficas. A atividade de Yaohushua decorre na Galiléia (1,14) e arredores desta região, estendendo-se até as terras pagãs (7,24.31; 8,27). A seguir, passando pela Peréia e Jericó (cap. 10), Yaohushua sobe a Jerusalém (11,1).
Este quadro não revela a disposição interna do livro, dominado antes pelo desenvolvimento de alguns temas fundamentais.
A. O Evangelho. Logo as primeiras palavras, o livro declara o interesse atribuído ao “Evangelho de Yaohushua O UNGIDO, Filho de Yaohu” (1,1), denominado também, pouco adiante, “Evangelho de Yaohu” (1,14), ou “Evangelho” sem mais (1,15). Para Marcos, bem como para Paulo, esta palavra designa a Boa Nova, destinada a todos os homens e cuja aceitação define a fé Remanescente: por meio de Yaohushua, Yaohu realizou suas promessas em favor deles (cf. 1,1, nota). Por isso, o Evangelho deve ser proclamado a todas as nações (13,10; 14,9). Este empreendimento define a atualidade à qual Marcos não receia adaptar certas palavras de Yaohushua: desaparecido este, renunciar a si mesmo e tudo abandonar por ele é faze-lo em prol do Evangelho (8,35 nota; 10,29). Porque a ação de Yaohu que se manifestou pela vida, morte e ressurreição de Yaohushua, prolonga-se neste mundo por meio da palavra confiada aos discípulos. Mais do que uma mensagem provinda de Yaohu e referente a Yaohushua O UNGIDO, o Evangelho é esta ação divina em meio aos homens. Eis o presente, a partir do qual Marcos se volta para o passado, a fim de falar do seu “começo” (1,1) e para caracterizar, a esta luz, a existência Remanescente.
B. Yaohushua O UNGIDO, Filho de Yaohu. As promessas divinas começaram a cumprir-se com a pregação de João Batista, que abriu o caminho para Yaohushua de Nazaré (1,2-8). Este, designado por Yaohu como seu Filho e vitorioso sobe Satanás no deserto, inaugura a pregação do Evangelho na Galiléia (1,14-15). Daí por diante, começa um verdadeiro drama, o da manifestação de O UNGIDO, Filho de Yaohu, em duas fases distintas.
1. O poder do ensinamento e dos atos de Yaohushua contra as forças do mal é reconhecido por um vasto público (1,21-45; 3,7-10...). Mas o ser Yaohushua Filho de Yaohu é um fato que deve manter-se secreto (1,25; 3,12). A oposição dos observantes da lei mosaica, orgulhosos e impertinentes, manifesta-se (2-3,6) e chega a ponto de apresentar Yaohushua como instrumento do príncipe dos demônios (3,22-30). Entretanto, os discípulos distinguem-se nitidamente da multidão (4,10.33-34). E, entre eles, a pergunta dos primeiros que aparecem: “Que é isto?” (1,27), reveza-se com esta outra: “Quem é este?” (4,41). As respostas divergem (6,14-16; 8,27-28). E, não obstante a sua profunda incompreensão da missão de Yaohushua (6,52; 8,14-21), os discípulos chegam a reconhecer, pela boca de Pedro, que ele é O UNGIDO (8,29). Mas recebem ordem de se calar (8,30). [Veja que interessante: “Pelo zelo do Nome próprio de “Deus”, deixando as “consoantes”, mas, não pronunciando as “vogais para não pronunciar o nome verdadeiro e próprio de Deus – um Ser Sagrado e Santíssimo...” Esquecendo da pureza e da verdadeira razão de seu nome em hebraico..., esqueceram-se também, é claro, não podiam ver, enxergar que o Filho – revelou o Pai – pois o Filho e o Pai são UM! Pelo simples motivo de adulterarem as “vogais masoréticas e deixando as consoantes formando uma forma híbrida como um “deus” exclusivamente pagão!” E, isso está registrado agora nos Evangelhos...!”.Anselmo Estevan.].
2. A partir de então, começa um ensinamento novo: o Filho do homem deve passar pelo sofrimento, a morte e a ressurreição. Este ensinamento, repetido três vezes (8,31-33; 9,30-32; 10,32-34), conduz o leitor ao confronto de Yaohushua com seus adversários em Jerusalém (caps. 11-13). Aí, o drama culmina: o segredo de Yaohushua é desvendado no decurso da Paixão (caps. 14 e 15), Sua declaração perante o Sinédrio, que o condena à morte (14,61-62), e a palavra do centurião na hora de sua morte (15,39) condenam-se com as revelações de Yaohushua por ocasião do batismo e da Transfiguração (1,11; 9,7) e justificam o título do livro: Yaohushua é O UNGIDO, o Filho de Yaohu (1,1, notas). Entrementes, as indiscrições malévolas dos demônios (1,24.34; 3,11) e a fé messiânica dos discípulos (8,29) foram reduzidas ao silêncio: de fato, o sentido das mesmas não se poderia manifestar antes da paixão e morte de Yaohushua.
O relato da paixão constitui o ápice do livro. Ele é preparado não só pelos conflitos em Jerusalém, pelo tríplice anúncio que segue a profissão de fé de Pedro, e por uma observação já feita em 3,6; ele responde à pergunta feita desde o primeiro ato público de Yaohushua, segundo Marcos (1,27), e permite compreender a insistência do livro sobre o que se denominou segredo messiânico (cf. 1,34, nota; 1,44, notas; 8,30, nota). Esta insistência corresponde, sem dúvida, ao fato de Yaohushua não ter sido RECONHECIDO, ao tempo de sua vida terrena, como o foi depois da Páscoa. Mas, já que o segredo incide exatamente nos títulos sob os quais se exprime a fé cristã (1,1; 3,11; 8,29), {aí, está a suprema importância de ser um REMANESCENTE. Para poder ver o “certo” do ‘Errado’ – o erro cometido pelo “homem, o ser humano” – que por muitas vezes se põe no lugar do “Diabo” sendo um “semideus!”. Anselmo Estevan}, Marcos parece querer indicar que eles eram prematuros, e permaneceram equívocos para os judeus e para os pagãos, enquanto sua verdade não fosse reconhecida na humilhação do Crucificado.
C. Yaohushua e seus discípulos. No “começo” do Evangelho de Marcos, Yaohushua não aparece só, mas acompanhado dos discípulos que deveriam dar prosseguimento à obra começada. Desde o início da atividade na Galiléia, Marcos narra, sem a menor preocupação de verossimilhança cronológica e psicológica, o chamamento de quatro pescadores para seguirem a Yaohushua (1,16-29). A seguir, o Mestre anda sempre acompanhado pelos discípulos, exceto quando os manda pregar (6,7-30). Só no momento da Paixão, depois da fuga deles, é que fica só. Mas o livro não termina sem ter anunciado por duas vezes o seu reagrupamento na Galiléia em volta do O UNGIDO ressuscitado (14,28; 16,7). A posição que lhes é assinalada no decurso da narrativa permite aliás distinguir várias seções.
1. Na primeira fase da manifestação de Yaohushua, três cenas ilustram uma associação cada vez mais íntima entre ele e seus discípulos: chamamento dos quatro em vista da pescaria de homens (1,16-20), a escolha dos Doze para viverem com ele e em vista da missão (3,13-19), finalmente a própria missão (6,7-13). Essas três narrativas vêm acompanhadas de visões de conjunto sobre a sua atividade ou as reações que ele provocava (1,14-15; 3,7-12; 6,14-16), como se o narrador sentisse a necessidade de se dar conta da situação, antes de prosseguir.
Na primeira seção (1,16 – 3,6) os discípulos se mantêm inativos junto a Yaohushua; mas este se mostra solidário com eles, em face das críticas despertadas por sua atitude referente às observâncias judaicas (2,13-28). A segunda seção (3,7 – 6,6) os contrapõe aos adversários de Yaohushua, bem como a sua parentela carnal (3,20-35), e as distingue da multidão como beneficiário de um ensinamento particular (4,10-25.33-34) e testemunhas privilegiadas de milagres maravilhosos (4,35 – 5,43). A ruptura com Nazaré prepara a terceira seção (6,7 – 8,30), na qual os Doze, enviados em missão, aparecem na qualidade de “apóstolos” (6,30), encarregados de alimentar a multidão (6,34-44; 8,6). Entretanto, os discípulos recebem revelações que os desconcertam (6,45-52; 7,17-23). Sua incompreensão, já manifestada por ocasião das parábolas (4,13), agrava-se ainda mais (6,52; 8,14-21). A cura de um cego no final desta seção (8,22-26) tem para eles valor exemplar (cf. 8,22 nota).
2. depois da confissão messiânica de Pedro, cada um dos três anúncios da Paixão e da Ressurreição esbarra na incompreensão dos discípulos e provocar declarações de rude franqueza acerca da condição pessoal (8,34-38) e comunitária (9,33-50; 10,35-45) dos que devem seguir Yaohushua, tomando a sua cruz. Caso suceda entrarem em cena a multidão ou pessoas outras que os discípulos e a estes últimos que Yaohushua se dirige principalmente ou explica em particular suas exigências (9,28-29; 10,10-16; 10,23-31). Continuamente se passa do Mestre ao discípulo e, em relação a ambos, do rebaixamento voluntário à glória prometida. Neste caso, porém, enquanto Yaohushua quer associa-los ao seu destino, eles permanecem obtusos. Esta seção conclui-se novamente com a cura de um cego, que se põe a seguir Yaohushua (10,46-52).
As duas seções seguintes (caps. 11 – 13 e 14 – 16) mostram Yaohushua com as multidões, com seus adversários, com seus juízes. Os colóquios com os discípulos são freqüentes e importantes. Yaohushua os inicia no poder da fé e da oração (11,20-25), previne-os do comportamento a adotar em vista da chegada do Filho do homem (13,1-37), os instrui sobre o sentido da sua morte na expectativa do Reino de Yaohu (14,22-25), previne-os da defecção deles (14,26-31), previne-os contra a tentação (14,37-40). Mas a fuga deles no Getsemâni e as negações de Pedro atestam seu fracasso no seguimento de Yaohushua. Entretanto, nem tudo está acabado: depois da Ressurreição, Yaohushua os precederá na Galiléia (14,28; 16,7).
A insistência na lentidão dos apóstolos em crer, sua contínua falta de compreensão, sua deficiência no momento em que se cumpre na verdade a revelação de O UNGIDO, Filho de Yaohu, responde certamente a um plano premeditado. [Essa parte, me lembra de “passagens” do AT. E, também, do NT. Em que: sempre que “alguém importante” era citado, se falavam da “família” – citando o nome do pai etc. Bem, como Deus – Yaohu – formou o ser humano e intervém com ele – é justo que têm que ter essa relação conosco a Salvação. E, por isso, repito a importância de conhecer seu Nome. O nome de Um Rei ETERNO, DIVINO, SALVADOR, AMOROSO, QUE QUER RESGATAR SEU POVO... No NT., vamos ver passagens como: Mas que Deus é esse? Qual seu nome? Pois nas cartas de Paulo, havia deuses e deusas com seus nomes respectivos... e reis, queriam saber o nome de nosso Deus Salvador... REFLITAM SOBRE ISSO E VEJAM QUANDO CHEGAR ESSAS PASSAGENS.. .OK! Anselmo Estevan]. A função de continuadores do Evangelho que lhes é atribuída impede que pensemos numa polêmica dirigida diretamente contra os primeiros discípulos de Yaohushua. Como a fé em Yaohushua só se desenvolveu depois da Páscoa, a sua vida terrestre podia parecer a Marcos um tempo de manifestação real, mas contida pela necessidade do segredo e limitada pela incompreensão dos discípulos. Esta, paradoxalmente, valoriza o mistério de Yaohushua, indecifrável fora da fé pascal.
Ela assume, outrossim, o sentido de protótipo para a fé dos Remanescentes, sempre sujeita, como a deles, a ficar em descompasso com relação à revelação divina. {“NADA PODERIA SER FEITO OU ENTENDIDO POR MAIS CLARO QUE FOSSE, SEM A VINDA DO RÚKHA hol – RODSHUA – O ELO PRINCIPAL DA CADEIA DO AMOR DO NOSSO YAOHU – PARA NOSSA SALVAÇÃO”}. Anselmo Estevan. A cruz sempre há de ser um escândalo. Para ser proclamado e acolhido em sua verdade, o Evangelho não só exige fidelidade aos termos da confissão da fé, mas sobretudo a autenticidade de uma vida em seguimento de Yaohushua. A compreensão do seu mistério é inseparável de uma lenta e difícil iniciação à condição de discípulo.
O modo de escrever de Marcos. Aprouve a alguns louvar em Marcos sua arte de narrador. Se o seu vocabulário é pobre (exceto quando fala de coisas concretas e das reações provocadas por Yaohushua), as suas frases mal concatenadas, seus verbos conjugados sem preocupação com a concordância de tempo, suas próprias deficiências contribuem para dar vida a uma narrativa muito próxima do estilo oral. Contudo, por sob o pormenor “colhido ao vivo”, vislumbra-se muitas vezes a trama de um esquematismo que trai elementos já tradicionais ou modelados para o uso das comunidades. Quando o narrador faz reviver a cena, não apresenta o relato singelo de uma testemunha ocular. Aliás, a ausência de qualquer seqüência cronológica, por elementar que seja, a indiferença pela psicologia dos personagens, a imagem estereotipada da multidão impedem que se leia este evangelho como uma simples vida de Yaohushua. Mas, sem visos de literatura, Marcos prima por sugerir o retrato vivo de um homem que, com suas reações imprevisíveis, sua compaixão ou rudeza, com a surpresa que causa e com a determinação de sua palavra, contradiz as imagens pré-fabricadas. Toda a alma se lhe traduz num olhar, que pode vir prenhe de cólera ou pleno de bondade (3,5.34), de interrogação ou diligente atenção (5,32; 11,11), de afeição (10,21), de gravidade contristada ou serena (10,23.27). Perante esse homem todas as atitudes são possíveis, da estupefação ao maravilhamento, da desconfiança à decisão de matar e, para os discípulos, da adesão irrefletida à incompreensão e ao abandono.
Origem do livro. Por volta do ano 150, Pápias, bispo de Hierápolix, atesta a atribuição do segundo evangelho a Marcos, “intérprete” de Pedro em Roma. O livro teria sido composto em Roma, depois da morte de Pedro (prólogo antimarcionista de século II, Irineu) ou ainda durante sua vida (segundo Clemente de Alexandria). Quanto a Marcos, foi identificado com João Marcos, originário de Jerusalém (At 12,12), companheiro de Paulo e Barnabé (At 12,25; 13,5.13; 15,37-39; Cl 4,10) e, a seguir, de Pedro em “Babilônia” (isto é, provavelmente, em Roma), segundo 1Pe 5,13.
Admite-se comumente a origem romana do livro, depois da perseguição de Nero em 64. Disto podem servir de indício certas palavras latinas grecizadas, várias construções de frases tipicamente latinas. Quando menos, o cuidado de explicar os costumes judaicos (7,3-4; 14,12; 15,42) de traduzir as palavras aramaicas, de frisar o alcance do Evangelho para os pagãos (7,27; 10,12; 11,17; 13,10) supõem que o livro se destina a não-judaicos, fora da Palestina. Quanto á insistência na necessidade de seguir Yaohushua carregando a própria cruz, poderia ser de particular atualidade numa comunidade abalada pela perseguição de Nero. Por outro lado, visto ser a ruína do Templo anunciada em Marcos sem nenhuma alusão clara ao modo como se efetuaram esses acontecimentos em 70 (ao contrário de Mt 22,7 e Lc 21,20), ainda impede que se dote a composição do segundo evangelho entre 65 e 70.
A relação do livro com o ensinamento de Pedro é mais difícil de determinar. A expressão de Pápias, “interprete de Pedro”, não é clara. Contudo, mais do que aos pormenores descritivos e a feição de testemunho ocular, o lugar nele ocupado por Pedro testemunha em favor de uma tradição petrina. Dentre o grupo dos Doze, só se destacam Tiago e João, como fiadores, ao que parece, do testemunho de Pedro. Este nem por isso é lisonjeado. Mas, se nem sempre desempenha um papel agradável, não há nisto sinal de oposição contra ele.
Fica, portanto, intacto o problema das fontes de Marcos. Os estudiosos diversamente, conforme a comparação com Mateus e Lucas os leve a ressaltar a importância de Marcos na origem destes ou a supor a existência, anterior a Marcos, de uma síntese de tradições referentes a Yaohushua. Seja qual for a hipótese, a composição do Evangelho de Marcos leva a pensar em uma etapa anterior da tradição, na qual os gestos e palavras de Yaohushua eram transmitidos independentemente de qualquer visão de conjunto da sua vida ou pregação. A narrativa da Paixão deve ter-se apresentado na origem sob a forma de uma seqüência com vários episódios. Conjuntos elementares, como “o dia de Cafarnaum” (1,21-38) ou as controvérsias de 2 – 3,6 puderam constituir-se bastante cedo e já existir nas fontes de Marcos.
Outra questão que não recebeu resposta: como terminava o livro? Geralmente se admite que a conclusão atual (16,9-20) foi acrescentada para corrigir o final abrupto do livro no v. 8 (cf. 16,9 nota). Mas nunca saberemos se a conclusão original do livro foi perdida ou se Marcos julgou que a referência à tradição das aparições na Galiléia no v. 7 bastava para encerrar sua narrativa.
Importância do livro. Marcos é para nós a primeiro exemplo conhecido do gênero literário chamado evangelho. No uso da Igreja, foi muitas vezes preterido em favor das sínteses posteriores e mais amplas de Mateus e Lucas. Ele tornou a ser valorizado pelos estudiosos literários e históricos dos séculos XIX e XX. Hoje, renuncia-se elaborar uma biografia de Yaohushua baseada unicamente nas seqüências de Marcos. Todavia, a sua rudeza, a ausência de afetação, a abundância de semitismos, o caráter elementar da reflexão teológica revelam um estágio antigo dos materiais utilizados. Os personagens e os lugares nomeados provêm de tradições arcaicas. Os ensinamentos de Yaohushua, a insistência na proximidade do Reino de Yaohu, as parábolas, as controvérsias, os exorcismos só encontram sua posição histórica de origem na vida de Yaohushua na Palestina. As recordações não provêm diretamente de uma memória individual. Formuladas primeiro em visto das necessidades da pregação, da catequese, da polêmica ou da liturgia das Igrejas, elas têm suas raízes no testemunho dos primeiros discípulos.
O mérito de Marcos consiste em tê-las fixado no momento em que a vida das Igrejas disseminadas fora da Palestina e a reflexão teológica atiçada pelo choque com as culturas estrangeiras estavam sujeitas a perder o contato com as origens do Evangelho. Ele conseguiu manter viva, inapagável, a visão de uma existência movimentada, difícil de compreender. Afinal, quem é este HOMEM? A tal pergunta, Marcos traz a resposta dos primeiros crentes, que foram as testemunhas primeiras. Mas, para quem se contentasse com repetir esta resposta, ele reaviva a questão e lembra que a fé se comprova pelo engajamento incondicional no seguimento de Yaohushua, sempre em ação, pelo Evangelho, no meio dos homens.
AS PRINCIPAIS PERSONAGENS DE:
MARCOS
HERODES ANTIPAS
Pontos fortes e êxitos:
Construiu a cidade de Tiberíades e supervisionou outros projetos arquitetônicos.
Governou a região da Galiléia para os romanos.
Fraquezas e erros:
Consumia-se em sua ambição pelo poder.
Adiava decisões ou tomava decisões erradas quando pressionado.
Divorciou-se de sua mulher para casar-se com a mulher de seu meio-irmão, Filipe.
Prendeu João Batista e, mais tarde, ordenou sua execução.
Teve uma pequena participação na execução de Yaohushua.
Lições de vida:
Uma vida motivada pela ambição geralmente se caracteriza pela autodestruição.
As oportunidades para fazer o bem geralmente se apresentam sob a forma das escolhas que devem ser feitas.
Informações essenciais:
Local: Jerusalém.
Ocupação: Governador da região da Galiléia e Peréia.
Familiares: Pai – Herodes, o Grande; mãe – Maltace, primeira esposa – a filha de Aretas IV, segunda esposa – Heródias.
Contemporâneos: João Batista, Yaohushua e Pilatos.
Versículo-chave:
“Porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e guardava-o com segurança e fazia muitas coisas, atendendo-o, e de boa vontade o ouvia” (Mc 6,20).
A história de Herodes Antipas é contada nos Evangelhos. Ele também é mencionado em Atos 4,27; 13,1.
JUDAS ISCARIOTES
Pontos fortes e êxitos:
Foi escolhido como um doa doze discípulos, o único que não era galileu.
Era o tesoureiro de Yaohu e de seus discípulos.
Foi capaz de reconhecer o mal que fez ao trair Yaohushua.
Fraquezas e erros:
Era ambicioso (Jo 12,6).
Traiu Yaohushua.
Cometeu suicídio em vez de buscar o perdão de Yaohu.
Lições de vida:
Planos e motivos malignos deixam a pessoa à mercê de Satanás, portanto ser usado por ele em planos ainda piores.
As conseqüências de atitudes malignas são tão devastadoras que mesmo “pequenas mentiras” e “pequenos desvios de conduta” têm sérios resultados.
O plano de Yaohu e seus propósitos são cumpridos por meio até dos piores eventos possíveis.
Informações essenciais:
Local: Possivelmente da cidade de Queriote.
Ocupação: Discípulo de Yaohushua.
Familiares: Pai – Simão.
Contemporâneos: Yaohushua, Pilatos, Herodes e os outros onze discípulos.
Versículos-chave:
“Entrou, porém, Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, o qual era do número dos doze. E foi e falou com os principais dos sacerdotes e com os capitães de como lho entregaria” (Lc 22,3.4).
A história de Judas Iscariotes é contada nos Evangelhos. Ele também é mencionado em Atos 1,18.19.
PILATOS
Pontos fortes e êxitos:
Governador romano da Judéia.
Fraquezas e erros:
Falhou em sua tentativa de governar um povo que militarmente estava vencido, mas nunca se submeteu a Roma.
As constantes lutas políticas fizeram dele uma pessoa cínica, negligente, suscetível a pressões e que fazia concessões contrárias ao direito e à moral.
Embora entendesse que Yaohushua era inocente, curvou-se perante o povo, que exigia a execução do Messias.
Lições de vida:
Grandes males acontecem quando a verdade está à mercê de pressões políticas.
Resistir à verdade leva a pessoa a perder seu propósito e sua orientação.
Informações essenciais:
Local: Judéia.
Ocupação: Governador romano da Judéia.
Familiares: Esposa – nome desconhecido.
Contemporâneos: Yaohushua, Caifás e Herodes.
Versículos-chave:
“Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade? E, dizendo isto, voltou até os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum. Mas vos tendes por costume que eu vos solte alguém por ocasião da Páscoa. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?” (Jo 18,38.39).
A história de Pilatos é relatada nos Evangelhos. Ele também é mencionado em Atos 3,13; 4,27; 13,28; 1Tm 6,13.
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