DEUTERONÔMIO
INTRODUÇÃO
Visão geral
Autor: Moisés.
Propósito: Estimular uma renovação da aliança mediada por Moisés, quando Israel estava prestes a entrar na Terra Prometida sob a liderança de Josué.
Data: c. 1406 a.C.
Verdades fundamentais:
• Os israelitas que se encontravam nas campinas de Moabe deveriam aprender, a partir das experiências da geração anterior, a importância da fidelidade à aliança.
• As leis de Moisés foram estabelecidas com a finalidade de beneficiar o povo de Deus (Yaohu) em sua entrada na Terra Prometida sob a liderança de Josué.
• A fidelidade à aliança seria recompensada com bênçãos, enquanto a desobediência seria castigada com maldições.
• Os israelitas deveriam renovar o compromisso com a aliança enquanto esperavam nas campinas de Moabe e depois de entrar na Terra Prometida.
Propósito e características
Uma vez que a primeira geração do êxodo já não existia mais, Moisés precisou exortar a nova geração a evitar os pecados de seus pais e se sujeitar à lei a fim de receber bênçãos no futuro. Deuteronômio é constituído, em sua maior parte, de três grandes discursos e um compêndio legal fornecido por Moisés no final de sua vida.
Cristo em Deuteronômio:
Moisés, o fundador da teocracia de Israel, foi o mediador da antiga aliança e, como tal, prefigurou Cristo, o Filho de Deus (Yaohu) e o mediador da nova aliança (Jr 31 – 34). O conteúdo moral das alianças é o mesmo, mas os modos como são administradas apresentam diferenças significativas. Sua semelhança principal fica evidente na maneira como Paulo associou a mensagem do evangelho ao apelo de Moisés para que Israel renovasse a aliança (veja a nota sobre 30,11-14). Em deuteronômio, a graça precede a obrigação humana de exercitar a fé, e a obediência humana é a prova da fé autêntica. Essas mesmas verdades podem ser vistas nos ensinamentos do Novo Testamento.
Ainda assim, Deuteronômio representou um estágio da relação pactual de Deus (Yaohu) com seu povo que prefigurou as realidades mais exaltadas da aliança de Cristo (veja as notas sobre Hb 8,6-13). A antiga aliança foi selada com o sangue de animais; a nova aliança eterna foi selada com O SANGUE EFICAZ DE CRISTO (Jr 32,40; Hb 9,11-28). Moisés conclamou o povo para uma religião de coração (6,6; 30,6), mas ela falhou por causa da fraqueza humana e se tornou OBSOLETA (Rm 8, 3; Hb 8,13). Cristo por meio do Espírito Santo, transformou o coração humano (veja a nota sobre 10,16; cf. Jo 3,1-15).
Cristo também é antevisto em Deuteronômio em vários de seus temas específicos. Ele é o Cordeiro Pascal (veja 16,1-17 e suas notas) e o Profeta que havia de vir (veja a nota sobre 18,15-22). A preocupação de Deuteronômio com o estabelecimento de um único santuário (Cap. 12) antevê o conceito neotestamentário de Cristo como o único que PODE SALVAR. Os detalhes do sistema sacrificial prefiguram o sacrifício de (Jesus). “Aqui, eu quero abrir um [Parenteses] devido a 'transliteração' do nome {Jesus} das outras línguas...para a língua portuguesa em si. O qual, por esse mesmo motivo, evito a colocação desse nome! Bem vamos lá”:
JESUA:
(No hebraico, < Yahweh ajuda > ou < Yahweh é salvação > {transliterado erroneamente}. Esse foi o nome de muitos homens ou lugares, nas páginas do Antigo Testamento, a saber):
1. Uma cidade onde alguns descendentes de Judá vieram habitar, após retornarem do cativeiro babilônico (Ne 11,26). Talvez fosse a mesma Sema de Js 15,26, ou Seba, em Js 19,2. Tem sido identificada com o Tell Es-sa'weh.
2. Um sacerdote da época de Davi, que foi o chefe do nono curso de sacerdotes (1Cr 24,11) Ele viveu por volta de 1015 a.C. Etc.
JESUS (NÃO O CRISTO)
O Nome. Nas modernas línguas europeias, como em português, a palavra Jesus deriva-se da transliteração desse nome de origem hebraica para o grego, Ieosous. O nome hebraico é Jehoshua, cuja forma contraída é Josué ou Jesua (vide). Esse nome significa < ajuda de YAOHU> ou < Salvador > (Nm 13,17; Mt 1,21). A sua transliteração para o grego reflete a contração do nome, no aramaico, Yesu. Ver Ne 3,19. {“YAOHU”} - forma correta do filho = [shua].
Há quatro personagens na Bíblia que são chamadas por esse nome, além do próprio MESSIAS - “Jesus”, que naturalmente, o imortalizou. [ESSE NOME “JESUS” – FOI INVENÇÃO DO POVO ROMANO. PORQUE, ESSE NOME NUNCA EXISTIU, E, SIM JOSUÉ – QUE TRANSLITERARAM PARA O NOME DE JESUS!].
Mateus 1,21; um anjo apareceu a José para anunciar o nascimento e disse: “E lhe porás o nome de (Jesus), porque ele salvará o seu povo dos pecados deles”. Pode parecer, entretanto, que as pessoas raramente se dirigiam a (Jesus) como “Salvador”. Em sua canção de gratidão pelo nascimento de (Jesus), Maria disse: “E o meu espírito se alegra em Deus (Yaohu) meu Salvador” (Lc 1,47); mas, com essas palavras, provavelmente referia-se de maneira geral à obra de Deus (Yaohu), que o enviou (Jesus) para salvar. Os anjos disseram especificamente aos pastores: “NA CIDADE DE DAVI VOS NASCEU HOJE O SALVADOR, O YAOHUSHUA” (Lc 2,11); os samaritanos, os quais creram que (Jesus) era o Messias, reconheceram: “ESTE É VERDADEIRAMENTE O SALVADOR DO MUNDO” (Jo 4,42).
Então pelos motivos da “transliteração”, e do verdadeiro significado do nome (Jesus) – SALVADOR – QUE NINGUÉM SE REFERE A ELE POR ESSE NOME “SALVADOR”. E NÃO JESUS = Josué – QUE SIGNIFICA OUTROS NOMES.....COMO É DESCRITO ACIMA... PREFIRO ME REFERIR AO NOME DELE COMO: “MESSIAS'! Jo 14,8. (Sendo que: aonde estiver o nome (Jesus) – estou colocando: “Messias”, ou “Salvador!!” = Yaohushua). Vide mais informações no final da apostila §
(Voltando ao texto). A ênfase de Deuteronômio sobre a vida na Terra Prometida antevê a esperança de novos céus e nova terra que Cristo oferece a todos os que creem nele. Assim como Moisés chamou os israelitas à fidelidade para que pudessem entrar na terra e tomar posse dela, Cristo também nos chama à fidelidade a ele para que possamos entrar no mundo vindouro e desfrutar de suas bênçãos eternas.
Deuteronômio. Um livro à parte no Pentateuco: O Deuteronômio constitui uma unidade de um gênero particular, pelo fato de conter a quase totalidade de uma das quatro grandes tradições do Pentateuco, a tradição D (ver a Introdução ao Pentateuco): traços das outras tradições aparecem no fim do livro, a partir do cap. 31.
Entre a primeira e a última página do livro, os acontecimentos históricos não progridem: desde o começo, situam-se além do Jordão, na terra de Moab (1,5), e é lá que Moisés morre (34,5). O conteúdo é, contudo, muito mais coerente do que no restante do Pentateuco: apesar de algumas rupturas ou retomadas, os caps. 1 – 30 se apresentam como um discurso de Moisés ao povo, uma espécie de testamento espiritual pronunciado antes de sua morte, no limiar da Terra Prometida. Enfim e principalmente, o estilo dessas exortações didáticas impressiona por sua unidade e originalidade. Expressões características retornam seguidamente, muito semelhantes, em todo o livro, embora nunca absolutamente idênticas. Por exemplo: entrar na posse da terra que Yaohwh jurou dar a vossos pais...; procurar Yaohu no lugar que Yaohu, vosso DEUS, escolherá entre todas as vossas tribos para ali estabelecer o seu nome...; guardar o mandamento, as leis e os costumes que eu vos dou para pô-los em prática...; amar e servir a Yaohu, teu DEUS, de todo o teu coração, de todo o teu ser...etc. Ora, muitas dessas expressões estilísticas reaparecem nos discursos e reflexões que pontuam os livros de Josué, dos Juízes, de Samuel e dos Reis. O parentesco literário com estes livros leva a duvidar da unidade entre o Deuteronômio e o restante do Pentateuco, ao qual, no entanto, a tradição ligou a Deuteronômio, para formar um grande conjunto literário dominado pela pessoa de Moisés.
Uma pregação da Aliança. O Deuteronômio se caracteriza por sua forma retórica. Os caps 12 – 26 contêm, é verdade, uma espécie de código de leis e costumes para pôr em prática, o que explica o título, “Deuteronômio”, isto é, “segunda lei”, que lhe deram os tradutores da Septuaginta (cf. 17,18). Mas este título não se ajusta bem à obra; pois nem mesmo a parte central tem a ordenação e a forma literária de um código de leis. Os diversos temas abordados, dos quais muitos são uma retomada do “Código da Aliança” de Êx 20 – 21, constituem antes o objeto de um ensino acompanhado de exortações, de apelos e de advertências. Assim, por exemplo, o ensinamento sobre a libertação dos escravos hebreus (15,12-18) retoma e desenvolve a lei de Êx 21, 2-6 numa linguagem de catequista ou de pregador, e não tanto de legislador.
O ensino se dirige a todo Israel (1,1; 34,12). Observa-se, entretanto, uma curiosa oscilação do discurso entre a interpelação em tu e em vós, frequentemente dentro de um mesmo desenvolvimento, até dentro de uma mesma frase, e isto sem razão aparente. Por exemplo, em 6,1-3, o discurso que começa em vós (v.1) passa ao tu (v. 2-3a) para cair no vós (v. 3c), atritos que a tradução não pensou dever atenuar. Eles seriam o resultado da combinação de duas tradições paralelas, do mesmo modo que se produziu entre as diversas tradições do livro do Gênesis? É pouco provável, porque, isoladas as passagens em tu, as passagens em vós não formam um conjunto contínuo. Parecem antes constituir uma camada secundária que reforça e desenvolve o texto em tu. Este fenômeno é um primeiro sinal que trai uma composição literária em etapas sucessivas.
E mais importante é que o discurso em tu não visa ao israelita individualmente, mas ao povo inteiro, interpelado como o parceiro pessoal de Yaohu (cf. Por exemplo, 6,4-5 ou 9,1). Esta interpelação coletiva poderia não ser mais do que uma forma estilística de ensinamento. É, porém, mais verossímil que ela tenha origem em certas cerimônias litúrgicas, nas quais Israel inteiro efetivamente se reunia em assembleia para escutar, como um só homem, a lei de seu Deus Yaohu. As alusões às celebrações litúrgicas do santuário de Siquém, ao pé dos montes Ebal e Garizim (27,11-14), e a ordem de ler esta Lei diante de todo Israel, no final dos sete anos, precisamente no ano da Remissão, durante a festa das Tendas, quando todo Israel virá ver a face de Yaohu, teu Deus, no lugar que ele tiver escolhido (31,10-11), parecem conservar a lembrança de uma festa periódica, durante a qual o povo todo, reunido em Siquém, renova sua aliança com Yaohu, escutando a proclamação de sua lei e comprometendo-se a pô-la em prática. Js 24, que narra a assembleia de Siquém como um acontecimento único, talvez seja, de fato, a lembrança de uma celebração periodicamente renovada, cuja liturgia comportasse os seguintes elementos: Recordação da história do povo (vv. 2-13), exortação a servir apenas a Yaohu (vv. 14-15), compromisso do povo (vv. 16-24), e conclusão da aliança, acompanhada da proclamação da Lei (vv. 25-26a) e da citação de testemunhas (vv. 26b-27). Ora, o plano do Deuteronômio segue uma ordem muito semelhante: Recordação do passado e exortação (12,1 – 26,15), compromisso mútuo (26,16-19), promessas e ameaças (27,1 – 30,18), citação de testemunhas (30,19-20). Se, entretanto, os discursos do Deuteronômio não são situados em Siquém, é porque não se podia contradizer a tradição segundo a qual Moisés não atravessou o Jordão. Mas esta vasta pregação, situada antes da entrada na Terra Prometida, parece mesmo ser o eco das cerimônias celebradas em Siquém, antes do período real.
Com o surgimento da realeza, esta festa da aliança perdeu sua importância em proveito de outras celebrações, sobretudo em Jerusalém. Mas o ensino da lei da aliança se perpetuou. Provavelmente quando saiu de seu quadro litúrgico primitivo, abandonou o tu comunitário e começou a interpretar os israelitas usando o vós, como a indivíduos pessoalmente responsáveis.
Quanto ao portador deste ensino, sua maneira de falar mostra que seu papel não é exatamente o de um profeta. O profeta transmite uma palavra direta de Yaohu a seu povo; o Próprio Deus (Yaohu) se lhe apresenta num discurso em primeira pessoa. Aqui, pelo contrário, Moisés se serve da primeira pessoa para designar a si mesmo, enquanto evoca a Yaohu usando a terceira pessoa (por exemplo 9,9s.). Os textos insistem de bom grado no papel mediador de Moisés: É a ele que Yaohu se dirige para revelar sua lei, e é ele quem recebe a ordem de a transmitir e explicar ao povo (5, 5; 6, 1; 9, 9 – 10,5). Ora, essa atividade mediadora de Moisés parece ter sido mantida em Israel pelos levitas: A “bênção da doze tribos” lhes reconhece a tarefa de ensinar os costumes a Jacó e a lei a Israel (33,10): É a eles que Moisés encarrega da aliança (31,10-11); são eles os associados a Moisés na grande liturgia de Siquém (27,9). Moisés desempenhou, sem nenhuma dúvida, o papel de fundador no ensinamento da lei da aliança: Depois dele, os levitas prolongaram o seu ministério, velando ativamente pela transmissão desta tradição. Eles continuaram pondo o seu ensino na boca de Moisés, para conferir-lhe continuidade e autoridade. Mas as alusões às circunstâncias de épocas ulteriores mostram que os levitas desenvolvem e atualizam sempre de novo a tradição em função das tentações diversas que se apresentam: O orgulho que espreita o povo instalado na Terra Prometida (8, 11-20), a atração dos cultos cananeus (12, 2-3), o absolutismo dos reis (17, 14-20), a resignação passiva do Exílio (4, 25-31). Não se trata apenas de repetir uma lei que continua válida, mas de fazer compreender o seu fundamento e exigência central. Os recursos do ensino da sabedoria são postos em ação (cf. Dt 4,5-8 e Pr 2,6; Dt 4,40 e Pr 3,2; Dt 8,5 e Pr 3,11-12; Dt 16,19 e Pr 17,23 etc.) para abrir a mente e o coração dos israelitas e convencê-los a adotar um estilo de vida conforme a aliança que Yaohu concluiu com eles.
Assim o Deuteronômio é a vasta coletânea na qual se fixou progressivamente por escrito a pregação levítica, cuja fonte era Moisés, e que acompanhou Israel com suas exortações, admoestações e promessas desde o limiar da Terra Prometida até a hora do Exílio na Babilônia.
Um documento reformador. Quais são as etapas principais desta longa elaboração literária? Um importante acontecimento, já entrevisto pelos Pais da Igreja, permite precisar a época na qual o Deuteronômio conheceu sua primeira fixação. O livro dos Reis narra, em 2Rs 22, que no 18º ano do reinado de Josias, isto é, em 622, foi descoberto em Jerusalém o livro da lei (2Rs 22,8.11) ou livro da aliança (2Rs 23,2.21). Impressionado pelas ameaças contidas neste livro, o rei reuniu todo o povo, renovou solenemente a aliança e proclamou uma reforma do culto. Ora, o programa desta reforma (2Rs 23,4-20) corresponde à exigência básica do deuteronômio: A destruição de todos os santuários de província e a centralização do culto em Jerusalém (Dt 12). O documento publicado por Josias parece ser, pois, o Deuteronômio, muito certamente numa forma primitiva mais breve.
De onde vinha este livro? A surpresa provocada por sua descoberta mostra que ele não podia ser muito recente. Pensou-se na purificação do culto por Ezequias, menos de um século antes, que já tendia a centralizar o culto em Jerusalém (2Rs 18,4.22), mas tal hipótese não se funda ainda sobre nenhum documento escrito. A coletânea primitiva poderia então ter sido composta após o malogro desta primeira reforma, quando, sob o funesto reinado de Manassés, refloresceram os cultos idolátricos (2Rs 21), portanto, durante a primeira metade do século VII. A coletânea primitiva exprime as tendências reformadoras dos meios levíticos, que lutam contra o sincretismo religioso e o relaxamento social, apoiando-se nas tradições mais autênticas do antigo Israel.
Estes levitas eram, em sua maioria, refugiados que tinham escapado do reino de Israel do Norte, quando das invasões assírias, antes da queda de Samaria em 722. Eles levavam para Judá e Jerusalém uma tradição que havia sido singularmente negligenciada e que demorou quase um século para se fazer ouvir e, depois, ser oficialmente reconhecida. Fazendo do culto centralizado em Jerusalém uma retomada das primitivas cerimônias de aliança em Siquém, o Deuteronômio restaurou, em pleno período real, uma ética da aliança surgida da revelação a Moisés.
A obra acabada e seu plano. O documento que servira de base à reforma de Josias continuou a se enriquecer. Reforçaram-se as exortações em apoio a este ou àquele mandamento (cf. 28,45-68), intercalaram-se pregações (cf. 4,15-31 ou 9,7 – 10,11), acrescentaram-se peças antigas referentes aos mesmos temas (cf. 5,6-22 ou 27,11-26). Um redator deuteronomista, aparentado àqueles que deram forma aos “Profetas anteriores” (cf. Introd. Aos Livros Proféticos: Os profetas e a história), adicionou ao início do livro um discurso profético (caps. 1 – 3) e o muniu de uma nova conclusão (caps. 31 – 34), que garante a transição com a sequência da história do povo eleito, de Moisés ao Exílio, vasto afresco que se estende até os livros dos Reis (cf. As Introduções a Josué e a Reis).
Assim acabado, o Deuteronômio apresenta um plano geral em três partes, seguidas de uma conclusão, que serve simultaneamente de conclusão ao Pentateuco.
1ª parte: Dois discursos de introdução, um de estilo mais narrativo (1, 6 – 4,44), e o outro, mais exortativo (4,45 – 11, 32);
2ª parte: As leis (12 – 28), acompanhadas de alguns fragmentos litúrgicos (27 e 28);
3ª parte: As exortações finais (29 e 30);
Conclusão do livro e do Pentateuco: As tradições sobre a morte de Moisés (31 – 34).
Os grandes temas do livro. Se bem que tenha sido elaborado no decurso de um longo período com materiais muito variados, o Deuteronômio representa a reflexão e a pregação de um grupo coerente e muito apegado às tradições. É, então, possível ensaiar uma síntese do conjunto das ideias do livro, acima da diversidade dos elementos que o compõem. Pode-se encontrar como que a chave de sua mensagem na declaração muito densa de 29, 28:
As coisas ocultas pertencem a Yaohu, nosso Deus, e as coisas reveladas pertencem a nós e a nossos filhos para sempre, a fim de que sejam postas em prática todas as palavras desta Lei.
Aí se encontra como que o resumo dos temas centrais do Deuteronômio: Mistério de Deus (Yaohu), eleição de um povo na continuidade de sua história, exigência da ação englobando todos os níveis da vida.
a) O Deus (Yaohu) de Israel. Escuta, Israel, a Yaohu, nosso Deus, é Yaohu que é Um (6,4). Eis a referência fundamental para Israel, o ponto de partida e de convergência de todo o pensamento e de toda ação. Israel pode dizer nosso Deus (Yaohu). Com efeito, enquanto Yaohu é apresentado só uma vez como o criador da humanidade (4, 32), ele é reconhecido antes de tudo como aquele que se manifestou ao longo da história de seu povo. Desta história o Deuteronômio narra apenas alguns poucos episódios, mas sua pregação é continuamente sustentada por uma referência às etapas fundamentais: A promessa feita aos “pais” (4,31), a saída do Egito (7,19), o dom da lei no Horeb (5,5), a travessia do deserto (8,2), a entrada, para uma longa vida de felicidade (4,40), na boa terra (1,25) outrora prometida. Para o autor, esta última etapa, apresentada como futura no quadro do discurso de Moisés, evidentemente faz parte das ações de Deus (Yaohu) cuja memória é preciso guardar sem cessar (4,9). Através destes acontecimentos, é o poder de seu Deus (Yaohu) que Israel viu com seus olhos – aliás, a Yaohu foi quem lhe deu um olhar capaz de o reconhecer nos seus atos (29,3). De acordo com isso, encontra-se ao coração do Deuteronômio o “credo” de Israel, que desde os tempos mais antigos consiste na recordação dos feitos grandiosos de Yaohu na vida do seu povo; às vezes formulado explicitamente (6,21-23; 11,2-6; 26,5-9), ele subjaz ao texto todo.
Os acontecimentos do passado são assim o grande sinal da fidelidade de Deus (Yaohu) a seu povo. Outro sinal consiste na presença dos porta-vozes de Yaohu. A este título, Moisés desempenhou outrora um papel único (34,10.11), que se perpetua na Lei que ele promulgou; entretanto, ao longo da vida de Israel, os profetas (18,15) e – de outro modo – os levitas (33,8) são testemunhas e intérpretes de Yaohu, mediadores entre ele e os homens. Graças a tantos sinais, Israel pode reconhecer que seu Deus (Yaohu) é um Deus (Yaohu) próximo (4,7), que se comprometeu com ele numa aliança (26,17) porque o ama (6,5).
Para Israel, Yaohu é único: Os pretensos OUTROS deuses NÃO PASSAM DE MADEIRA OU PEDRA (4,28). E este caráter único deve ser manifestado de modo deslumbrante: É nesta perspectiva que o Deuteronômio, por primeiro, introduz o princípio do santuário único (12,5), onde a assembleia de Israel (5,22) se deve encontrar unânime como no Horeb. Elimina-se, assim, tudo o que pode dividir o culto prestado a Yaohu (6,4). A própria Lei é um sinal da unidade: É impressionante constatar que, mesmo quando se apresenta a longa série de leis e costumes, fala-se com amor da Lei, do mandamento (1,5; 5,31; 6,1); a Lei constitui o caminho único por onde o povo inteiro deve seguir. O monoteísmo do Deuteronômio alcança desse modo uma concepção unitária de toda a vida: Um só Deus (Yaohu), um só santuário, uma só Lei, em um só povo.
b) O povo de Deus (Yaohu). Israel sabe, portanto, que o único Yaohu fez dele sua porção pessoal (7,6; 28,10), seu povo santo (7,6), cumulado gratuitamente (9,5), apesar de sua pequenez (7,8), e tratado como um filho (1,31). Esta escolha de Deus (Yaohu), cuja fonte está nos acontecimentos do passado, renova-se em cada geração (11,2; 29,14), tão bem que, de século em século, o povo deve reconhecer que seu Deus (Yaohu) o interpela hoje (1,10).
O que supõe, evidentemente, uma resposta ativa que comprometa todo o povo. Trata-se de circuncidar o coração (10,16), de entrar na aliança com o mais profundo do próprio ser. É preciso rejeitar todo comprometimento com os povos pagãos e seus deuses (4,19; 17,3), para viver da Palavra (6,8), escutá-la, guarda-lá e ser fiel à Lei em todos os seus detalhes: Em resumo, é preciso amar a Yaohu como todo o coração, com todas as forças (6,5). É assim que se pode ser justo (6,25) e fazer da vida inteira um testemunho de fé: Mesmo a guerra não está excluída deste âmbito (20,1.4).
Além disso, por esta fidelidade à Lei, Israel acede aos eventos de salvação, pois sua obediência consiste finalmente em ir à consequências de seus encontros com Deus (Yaohu) [5,15]. Porque Yaohu conduziu seu povo até a terra de Canaã, é preciso oferecer-lhe as primícias desta terra (26,5): Em memória dos tempos do Êxodo, é necessário celebrar as festas (16,1.3.12) e o sábado (5,15); porque Israel foi oprimido no Egito, deve agora respeitar os pobres (10,18) e evitar oprimir quem quer que seja (24,18-22), até mesmo o egípcio (23,8). É na evocação do Êxodo que o Deuteronômio encontra a ocasião de superar a estreiteza de visão que habitualmente o faz excluir o estrangeiro do âmbito da solidariedade (14,21; 15,3; 23,21; 28,12). E toda a vida do povo, incluindo os pormenores da existência, torna-se um memorial dos acontecimentos de sua salvação.
A lei do repeito aos pobres ocupa neste conjunto um lugar capital. Isto se percebe pela leitura, por exemplo, das prescrições relativas ao dízimo trienal (14,28), à remissão das dívidas (15,1), à libertação dos escravos (15,12-18), à respiga das plantações e ao rebusco das vinhas (23,25-26). O próprio rei deve, quanto possível, viver como um pobre (17,15). Tal insistência impunha-se particularmente no tempo da redação da parte mais antiga do livro; a unidade do povo estava então comprometida pelo desequilíbrio social: Uma classe rica, cada vez mais poderosa, se opunha ao povo, cada vez mais miserável: Era urgente recordar que, em nome de um passado comum, todos os filhos de Israel eram irmãos, e trazer à ordem do dia a luta em favor dos pobres (15,4). Os pregadores deste termo eram otimistas: Eles acreditavam num Israel capaz de responder ao apelo de Deus (Yaohu) e de fazer realmente de sua vida um memorial dos eventos de salvação (12,28; 16-19).
Entretanto, não se pode deixar de sentir que ali, na verdade, se desenvolve um drama. A vida assim concebida é uma ocasião constante de encontro com Deus (Yaohu). Ela supõe para o homem uma fidelidade de todos os instantes, e esta fidelidade está, em princípio, a seu alcance (30,14). Dois caminhos se abrem: O da fidelidade e da felicidade, e o da revolta e infelicidade (11,27-28). É preciso escolher, comprometendo assim todo o futuro (30,15-20). Mas que sucede de fato? Também aqui, a história responde, mas sua resposta não é tranquilizadora. Desde o tempo do Êxodo, o povo se revolta sem cessar, e foram necessárias a intercessão sempre renovada de Moisés e a fidelidade incansável de Deus (Yaohwh) para que Israel não perecesse sob o merecido golpe da cólera (9,7). O que acontecerá nas subsequentes épocas da história da salvação, isto é, neste HOJE, no qual cada um É CHAMADO A SE DECIDIR? Esse caráter dramático da situação tinha sido pressentido pelos primeiros pregadores. Mas chega uma hora em que toda ilusão deve desaparecer; Israel não se mostra, de modo algum, capaz de escolher a Yaohu e de chegar, assim, à vida; o povo está voltado à catástrofe. Os últimos autores do Deuteronômio, contemporâneo do Exílio, não podem deixar de dizê-lo claramente (28,15; 29,21).
O pensamento do Deuteronômio, porém, não leva ao desespero. O pecado do homem não terá a última palavra: Dia virá em que Deus (Yaohu) agirá de modo a que o povo se converta e obtenha o perdão (30,3). Mas, nesse ínterim, será necessário aceitar a prova e o sofrimento, e deles tirar a lição, decidindo-se, enfim, a mudar o coração.
O Deuteronômio na Bíblia. O Deuteronômio detêm, nas Escrituras, um lugar importante. Não apenas porque a tradição judaica nele encontra o seu credo fundamental, o “Shemá Israel”: Escuta, Israel, Yaohu, nosso Deus, é o Yaohu que é Um (6,4); nem mesmo porque Cristo dele extrai o maior dos mandamentos: AMARÁS A YAOHU TEU DEUS COM TODO O TEU CORAÇÃO, COM TODO O TEU SER, COM TODAS AS TUAS FORÇAS (6,5). A tradição deuteronômica, pelo Espírito particular que a anima, influencia profundamente outras correntes do Antigo Testamento. Frequentemente se têm apontado as afinidades de vocabulário e temas entre o Deuteronômio e a mensagem de Jeremias, cujo ministério segue de perto a reforma de Josias: O esquecimento dos benefícios de Yaohu (Jr 2,4-7; Dt 6,10-13), a circuncisão do coração (Jr 4,4; cf. Dt 10,16), a nova aliança (Jr 31,31-34; cf. Dt 30,1-10). Estes são temas tipicamente deuteronomistas. A convergência de estilo entre o Deuteronômio e os discursos e reflexões que marca as grandes etapas da história, através dos livros de Josué (Js 1 e 23), dos Juízes (Jz 2,6 – 3,6), de Samuel (1Sm 12) e dos Reis (1Rs 8; 2Rs 17), revela a influência do Deuteronômio sobre o autor deste vasto afresco historiográfico: Como o Deuteronômio, este autor se interessa sobretudo pelo templo de Jerusalém e pela obediência aos mandamentos da lei; ele considera a lei do Deuteronômio como a chave de compreensão da história. O tema da escolha entre os dois caminhos, um que leva à vida e outro, à morte (cf.Dt 30), prolonga-se amplamente no ensino ético do judaísmo ulterior, bem como no evangelho (Mt 7,13-14). E sabe-se como a solidariedade ativa para com os irmão mais pobres, cuidado constante do Deuteronômio e fermento da vida comunitária judia, inscrever-se-á no coração do evangelho.
O Deuteronômio hoje. O Deuteronômio pode trazer alguma contribuição ao cristão do século XX? A maior parte dos seus preceitos se refere a um estudo social e cultural bem diverso do nosso. Além disso, a própria Lei não caducou desde que o Cristo instaurou o regime da graça e do Espírito (cf. Rm 3,28; 6,14; Gl 3,23; 5,18)?
Aqui é mister repetir que o Deuteronômio, antes de ser uma coletânea de preceitos, é uma reflexão sobre os fundamentos de toda a nova obediência a Deus (Yaohu), a saber sua ação na vida e na história de seu povo. O que determina a existência dos crentes é, então, o reconhecimento, no duplo sentido de descoberta de uma presença e de resposta a um dom.
Por outro lado, os próprios preceitos, se não requerem como tais nossa adesão, são formulados de maneira a poder nos iluminar. Com efeito, todo este ensino é dominado pela vontade de encontrar uma fidelidade autêntica no coração de um mundo que se transforma (cf. 15,1 e nota).
Na hora presente, quando todos os crentes de todas as confissões se interrogam sobre o fundamento da moral, o Deuteronômio oferece o exemplo muito significativo de uma lei que não quer se impor do exterior, mas que procura enraizar-se na reflexão e na decisão do coração. É uma moral raciocinada, lúcida, adulta, verdadeira sabedoria (4,5-8). Pois se é na história que se encontra a Deus (Yaohwh), é em função dos acontecimentos salvíficos que se deve orientar a conduta de cada dia.
Este livro ensina também a moral do amor em atos: O amor de Yaohu compromete todos os âmbitos da existência humana, da política à higiene, da vida social ou familiar ao re-encontro do irmão, até mesmo ao respeito pelo animal (22,7) ou pela árvore (20,19). Cada situação nos põe ante uma escolha pró ou contra a Yaohushua o (Cristo), na qual se decide nosso futuro, pois seremos julgados pelos NOSSOS ATOS, E, MUITO PARTICULARMENTE, PELA NOSSA ATITUDE PARA COM OS POBRES.
O Deuteronômio nos fala ainda pela insistência em ressaltar o caráter gratuito e empenhadíssimo da obediência exigida do povo de Deus (Yaohu). Com efeito, a lei não indica ao povo as condições a preencher para poder entrar na Terra Prometida, mas as consequências que decorrem da eleição e da herança recebida em Canaã. Ao mesmo tempo, porém, o pregador deuteronomista enfatiza o caráter comprometedor desta observância: Ele faz derivar, da lei, promessas de felicidade para aqueles que a praticam e ameaças de infelicidade para aqueles que a transgridem: Pois a lei da aliança põe o povo diante de uma questão de vida ou de morte (30,15-20). O Deuteronômio mantém o equilíbrio entre estes dois traços característicos da obediência: Gratuidade e compromisso. Equilíbrio difícil a conservar e que, já no judaísmo ulterior – mas também em diversas confissões cristãs –, se esvairá frequentemente numa ética de méritos ou no moralismo. Entre todos os testemunhos bíblicos, o Deuteronômio representa uma das bases mais fecundas para a redescoberta de uma moral adulta, equilibrada e vivencial.
Bem, aqui, terminamos a “Introdução” - aos cinco livros da Bíblia – o “Pentateuco”!
Caro Irmão; Irmã. Se você, gostou desta introdução, que já está “Firmada”. E, esta “Introdução” serve apenas para um breve entendimento da Palavra de Yaohu; se você gostou deste “Alicerce”, espere pelo “Edifício”, (que já está construído); mas, ainda falta em fazer a “Introdução...”! Acredito piamente que o: Irmão, a Irmã, vão adorar!! Somente, vai demorar um pouco pois são: “à Introduções de 61 livros...”.Espero em Yaohu, de quem ler está apostila, pegue cada vez mais o gosto pela leitura e entendimento da palavra de Yaohu! (2Tm 3,16).
Vamos, agora para: INFORMAÇÕES GERAIS. E O TÃO ESPERADO (“BREVE/GLOSSÁRIO”).
INFORMAÇÕES GERAIS:
Os 27 livros que compõem o Novo Testamento chegaram até nós em grego.
O antigo Testamento, tal como foi aceito pela igreja católica, se compõe de 46 livros.
A língua original de 39 destes livros do AT é o hebraico, com trechos aramaicos em ESDRAS (4,8 – 6,18; 7,12-26) e em DANIEL (2,4b – 7,28).
Os outros 7 livros do AT, bem como trechos de ESTER e DANIEL – chegaram até nós em grego na tradução chamada dos Setenta (LXX), destinada aos judeus da Dispersão.
As edições protestantes, que se atêm à Bíblia hebraica – dos judeus da Palestina – para o AT, habitualmente não trazem os seguintes livros e fragmentos, chamados deuterocanônicos:
Tobias, Judite, 1-2 Macabeus, Baruc, Sabedoria, Eclesiástico, Ester (Vulg. 10,4-16,24), Daniel 3,24-90; cap. 13 e 14.
Referências Bíblicas:
Nas citações, a vírgula separa capítulo de versículo (Ex.: Gn 3,1 = Livro do Gênesis, capítulo terceiro, versículo primeiro).
O Ponto e vírgula separam capítulos e livros (Ex.: Gn 5,1-7; 6,8; Êx 2,3 = Livro do Gênesis, capítulo quinto, versículo e 1 a 7; capitulo sexto, versículo oitavo; livro de Êxodo, capítulo segundo, versículo terceiro).
O Ponto separa os versículos não seguidos (Ex.: 2Mc 3,2.5.8 – {desculpem pelo exemplo de um livro apócrifo. É só para exemplo.}. = Segundo livro dos Macabeus, capítulo terceiro, versículos 2, 5 e 8).
O Hífen indica sequência de capítulo (s) ou versículo (s) (Ex.: Jo 3-5; Mt 1,5 – 12,9* = Evangelho de João, capítulo terceiro ao quinto; evangelho de Mateus, capítulo primeiro, versículo quinto ao capítulo doze, versículo nono). *Sendo que o “travessão”[ – ] Indica a continuação de um capitulo há outro. (Ex.: 1Cr 16,1 – 17,4. = Do capítulo de 1 Crônicas 16,1 ao capítulo 17,4. Ou seja de capítulo à capítulo, incluindo os versículos de houver. (Aqui, lemos todo o texto de: 1Cr 16,1 à 17,4.).
Algumas abreviações:
AT = Antigo Testamento.
NT = Novo Testamento.
v. = versículo.
vs. =versículos.
Aram. = aramaico.
Hebr. = hebraico.
TM = texto massorético.
Sam = texto samaritano do pentateuco.
Ketib = texto escrito, fixado pelas consoantes.
Qerê = texto lido pelos massoretas (pela modificação de vogais).
LXX = versão grega dos Setenta.
grec. Luc.= grego, conforme a recensão de Luciano.
Sim. = grego, conforme a recensão de Simaco.
Teod. = grego, conforme a recensão de Teodocião.
Texto oc. = texto ocidental.
Sir. = versão siríaca.
Sir. Hex. = siro-hexaplar.
Vulg. = Vulgata.
Vet. Lat. = antiga versão latina.
Versões = traduções antigas (gregas, latinas siríacas) do texto original.
Ms, mss = manuscrito, manuscritos.
Corr. = correção.
Conj. = conjectura.
Lit. = tradução literal.
([Var]. [AD]. [Om]. = variante adição omissão. { Estes três últimos sinais precedem a indicação de palavras substituídas, acrescentadas ou omitidas por leituras que não foram adotadas na tradução}).
1QIsa: um dos manuscritos de Isaías descobertos em Qumrã em 1947.
1QpHab: comentário de Habacuc descoberto em Qumrã em 1947.
4QpNaum: comentário de Naum descoberto em Qumrá em 1947.
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