quinta-feira, 1 de setembro de 2011

ESTUDO DE INTRODUÇÃO AO (TANAK) AT.

JOSUÉ; JUÍZES; RUTE; 1 e 2 SAMUEL; 1 e 2 REIS; 1 e 2 CRÔNICAS; ESDRAS/NEEMIAS; ESTER.




INTRODUÇÃO AO: “ANTIGO TESTAMENTO”.



(Livros Históricos):





A Bíblia em português é organizada com base na Septuaginta (a tradução grega do AT). Dentro desse arranjo, os livros do Josué a Ester são considerados livros históricos. A maior parte desses livros pode ser divida em dois grupos:

1. A história deuteronômica: de Josué a Reis (exceto Rute).

2. A história cronística: Crônicas, Esdras e Neemias.



Esta forma de organização difere da ordem da Bíblia hebraica, que chama a história deuteronômica de Profetas Anteriores e inclui Esdras, Neemias e Crônicas nos “outros livros” dos Escritos. Rute e Ester se destacam dessas duas histórias editadas tanto nas discussões acadêmicas modernas quanto na Bíblia hebraica, onde são incluídas nos cinco Rolos. Tendo em vista ser mais apropriado estudá-los separados dos outros livros, não trataremos deles aqui (veja as suas respectivas introduções).

A história deuteronômica é assim chamada porque Deuteronômio introduz a compilação. Embora as obras dessa história tenham sido escritas por autores diferentes (veja a introdução a cada um dos livros), tudo indica que a coleção foi editada de modo a formar uma unidade pouco depois de 562 a.C., a data mais recente de Reis. Essa obra editorial tratou de uma crise de fé entre os exilados de Judá que, na época, estavam vivendo no cativeiro babilônico sob o domínio de Nabucodonosor. Eles tinham a impressão de que Yaohu havia se esquecido das promessas que havia feito de uma terra eterna para Israel e um trono permanente para Davi e seus descendentes.

A compilação posterior – Crônicas, Esdras e Neemias – foi organizada como uma unidade para o povo de Judá que havia sido restaurado à Terra Prometida depois do exílio na Babilônia. Embora estivessem de volta na terra e de a linhagem de Davi ter sobrevivido, Judá era então apenas uma das muitas províncias do império persa. Esses livros ofereceram esperança e orientações práticas para essa comunidade de ex-cativos desanimados.

As duas compilações contêm relatos históricos verídicos escritos por autores inspirados e finalizados subseqüentemente por editores inspirados. Nem os autores nem os editores criaram os acontecimentos relatados nesses livros. Eles citam às fontes (Js 10,13; 1Rs 11,41; 2Rs 16,19; 1Cr 4,22; 5,17; 2Cr 9,29; Ed 6,1.2) e seguem uma ordem cronológica rigorosa. Ao mesmo tempo, fica evidente que os livros e as compilações foram escritos e organizados com propósitos teológicos, e não apenas para preservar um registro histórico.







A história deuteronômica

(Josué, Juízes, Samuel e Reis)



Unidade literária. A junção de Josué com Deuteronômio é especialmente convincente. As promessas e exortações de YHWH no início de Josué (1,1-9), por exemplo, consistem inteiramente de expressões dos discursos de Moisés em Deuteronômio, Js 1,2 corresponde a Dt 10,13; Js 1,3-5a é praticamente uma citação de Dt 11,23-25; Js 1,5b -7a e 9 repete, em grande parte, Dt 31,6-8 e 23; Js 1,7b-8 faz lembrar uma série de textos em Deuteronômio que identificam esse livro como “Livro da Lei” e enfatizam a importância da meditação e da obediência (Dt 5,32-33; 17,18-19; 30,10).

Juízes também possuí ligações com Josué. Depois da introdução de Juízes (1,2 – 2, 5), o corpo do livro (2,6 – 16,31) é apresentado com uma referência a Josué (Jz 2,6-10). Além disso, todos os episódios e seções de Juízes empregam repetições verbais, paralelos históricos e citações de Josué.

Samuel, por sua vez, é relacionado a Juízes, um livro que prepara o seu público para a instituição da monarquia davídica levantando a questão da liderança apropriada e afirmando energicamente que Yaohu escolheu Judá, e não Benjamim, para liderar a sua nação. Samuel registra o fracasso da monarquia benjamita representada por Saul e a instituição bem-sucedida da monarquia judaica, representada por Davi. Até mesmo o refrão de Juízes – “naqueles dias, não havia rei em Israel” – pode ser aplicado aos primeiros capítulos de 1 Samuel antes do reinado de Saul. Por fim, a síntese que Samuel faz da história dos juízes (lSm 12,9-11) parece uma aplicação da síntese do editor dessa mesma história (Jz 2,6-19).

Reis é estreitamente relacionado a Samuel e alguns estudiosos acreditam que haja uma fonte comum por trás da passagem que se estende de 2Sm 9 – 20 a 1Rs 2. Nesses capítulos, pode-se observar uma narrativa que discorre, entre outros assuntos, sobre a sucessão do trono de Davi, começando com o nascimento de Salomão e culminando com a sua coroação.

Unidade temática. A fim de tratar da crise de fé dos exilados, vários temas enfatizados em Deuteronômio aparecem ao longo do restante da história deuteronômica.

Em primeiro lugar, Deuteronômio lança um alicerce firme para ofício profético e apresenta o teste do verdadeiro profeta, ou seja, o cumprimento de suas palavras (Dt 18,14-22). O ofício específico de profeta é instituído em 1Sm 9. Como foi observado acima, a tradição judaica se impressionou de tal modo com o papel dos profetas na história deuteronômica que a chamou de Profetas Anteriores. Além disso, os livros dessa história são ligados por vários elementos proféticos. Por exemplo, a profecia de Josué segundo a qual quem tentasse reconstruir a cidade de Jericó perderia o seu primogênito (Js 6,26) é cumprida em 1Rs 16,34. Salomão interpreta o seu reinado e a construção do templo (1Rs 8,20) como cumprimento das promessas de YHWH a Davi (2Sm 7,12-13). Reis reafirma para os exilados a veracidade das palavras proféticas de que Yaohu daria ao seu povo uma terra e um trono eternos.

Em segundo lugar, o conceito de “aliança”, tão importante em Deuteronômio, também norteia toda essa história. Do lado divino, o enfoque é sobre a promessa. Yaohu jurou aos patriarcas e seus descendentes que seria o seu Deus – Yaohu e jamais os abandonaria (Dt 4,31; 29,12-13; Js 1,6; Jz 2,1; 2Rs 13,23). Em seu amor inescrutável, Yaohu escolheu Israel e assumiu o compromisso de lhes dar a terra que havia prometido aos patriarcas. Essa promessa, repetida cerca de trinta vezes em Deuteronômio (p. ex., Dt 1,8; 34,4), é lembrada no restante da história (p. ex., Js 1,2; 24,13; Jz 1,2; 1Rs 4,21; 8,34). Do lado humano, o enfoque é sobre a confiança e a obediência. O relato histórico declara repetidamente que a posse da terra depende da fidelidade de Israel à aliança. As promessas de Yaohu e as obrigações de Israel fazem parte dos sermões de heróis como Moisés (Dt 1 – 4; 5 – 11; 27 – 28), Josué (Js 24,1-27). Samuel (1Sm 12) e Davi (1Rs 2,1-4). YHWH anuncia claramente a Salomão as condições para o seu reinado (1Rs 9,1-9).

As obrigações de Israel se concentram nas duas prescrições iniciais dos Dez Mandamentos: Não adorar a outros deuses e não fazer ídolos para si. Ou, na linguagem desse relato histórico, “amar”. “temer” a YHWH, “andar perante” ele ou “segui-lo” e “não esquece-lo” (Dt 6,5; Js 1,7-8; 24,14-15; Jz 2,6-10; 1Sm 12,20.24; 1Rs 2,4; 3,6; 8,23-25; 11,4-5). Essa ordem é, fundamentalmente, uma questão de fé, e não de obediência rigorosa a um código externo. Por exemplo, as prescrições específicas, como a ordem para adorar apenas em Jerusalém, não visavam alimentar um legalismo burocrático, mas evitar a tentação da idolatria. Essa história se preocupa mais com a fidelidade a Yaohu do que com as prescrições individuais. A desobediência a essas prescrições indicava um problema mais amplo, ou seja, a infidelidade a Yaohu. O relacionamento era constituído da eleição de Israel por Yaohu e dois atos salvíficos da graça divina em favor do seu povo. A confiança em Yaohu era proveniente da ligação que Yaohu já havia estabelecido com Israel Js 1 mostra essa ligação. YHWH havia assumido um compromisso com Israel e lhe entregado a terra para que os israelitas se apropriassem dela. Para isso, precisavam apenas confiar nele (Js 1,1-9). Por outro lado, se não confiassem em Yaohu e se desobedecessem ao mandamento de amá-lo e não adorar outros deuses seriam considerados culpados e sofreriam o julgamento (Dt 28; Js 24,19-20; Jz 2,10-15; 1Sm 12,5-15; 2Rs 17,7-20). A pergunta-chave levantada pelos exilados na Babilônia é articulada em Dt 29,24 e 1Rs 9,8: “Por que precedeu YHWH assim com esta terra e esta casa?”. Esse relato histórico responde de modo inequívoco: “Não foi Yaohu que falhou, mas sim, Israel”. Mas, ainda, as promessas de Yaohu são eternas (Dt 30,1-9; Jz 2,1; 1Sm 12,22; 2Sm 7,16).

Em terceiro lugar, Deuteronômio também lança um alicerce firme para a monarquia e suas prescrições (Dt 17,14-20). Apesar da infidelidade do povo, Yaohu misericordioso e fiel de Israel é uma fonte inesgotável de bênção (Dt 9,4-6). Apesar do pecado de Israel, Yaohu compassivo toma nova iniciativa e levanta líderes em tempos de crise: Josué, os juízes, Saul e por fim, a casa de Davi. Sua aliança com a casa de Davi, como todas as alianças com Israel, representa inevitavelmente um avanço do reino de Yaohu, mas estabelece condições que regulam a participação nesse reino. Yaohu continuará a levantar um “filho” da casa de Davi, mas disciplinará os infiéis (2Sm 7,14-16). A história termina com Joaquim, um dos reis infiéis, no exílio, não obstante, ele é elevado a um lugar de honra entre os reis cativos da Babilônia. Essa pequena chama de esperança não se apagará, mas se tornará cada vez mais reluzente até a vinda do mais exaltado Filho de Davi, o verdadeiro Filho de Yaohu – Cristo.

Por fim, nesse relato o histórico, o tema do arrependimento se baseia nas promessas eternas de Yaohu (Dt 4,29-31; Js 7; Jz 2,18; 2Sm 12,13; 1Rs 8,46-51). A esperança de alívio do julgamento e até mesmo de volta às bênçãos de Yaohu uma vez que o julgamento do exílio tivesse ocorrido, é uma expressão de arrependimento (Dt 30,1-10; 1Rs 8,58). Assim, João Batista e Cristo ofereceram o reino de Yaohu a todos que se arrependessem (Mt 3,2; 4,17; Mc 1,15).







A história cronística

(Crônicas, Esdras e Neemias)



Como observado na introdução a Esdras, Esdras-Neemias era, originalmente, um só livro. Crônicas e Esdras-Neemias são ligados como conjunto literário pelo uso da conclusão de Crônicas na introdução de Esdras-Neemias (2Cr 36,22-23; Ed 1,1-3). Além disso, as duas obras apresentam os mesmos interesses religiosos e ideologia. Descrevem, por exemplo, os preparativos para a construção do primeiro e do segundo templo de modos paralelos (1Cr 22,2.4.15; 2Cr 2,9.15-16; Ed 3,7), mostrando que ambos foram edificados com recursos doados por chefes de famílias antigas (1Cr 26,26; Ed 2,68). Os dois livros demonstram grande interesse pelos utensílios sagrados (1Cr 28,13-19; 2Cr 5,1; Ed 1,7; 7,19; 8,25-30.33-34); e apresentam a ordem dos sacrifícios (2Cr 2,4; 8,13; Ed 3,4-6) e a enumeração dos elementos sacrificais (1Cr 29,21; 2Cr 29,21.32; Ed 6,9.17; 7,17.22; 8,35-36) de maneiras praticamente idênticas. Assim como a história deuteronômica é constituída de livros distintos, organizados de modo a formarem uma só história, esse relato histórico pós-exílio também é formado pela união de obras díspares.

Esse conjunto posterior de obras abrange boa parte do conteúdo da história deuteronômica, mas continua além do ponto em que esta termina de modo a incluir a constituição de Israel depois do exílio. Enquanto o primeiro conjunto é baseado principalmente em Deuteronômio, essa história se baseia em todo o Pentateuco, voltando até Adão. No entanto, o seu eixo central é a história de Israel no período entre o primeiro e o segundo templo, sendo que este último é prenunciado nos últimos versículos de Crônicas e descrito em detalhes em Ed 1 – 6.

Crônicas, Esdras e Neemias foram escritos para encorajar os ex-cativos desanimados depois do exílio. Esses livros lembram o povo de sua herança gloriosa na dinastia davídica e no templo. A História ensinou àqueles que voltaram do exílio que deviam guardar a aliança e se arrepender dos seus pecados (2Cr 7,14). Não obstante, não se concentrou no fracasso; antes, mostrou a grandeza da dinastia de Davi e a glória do templo. Davi é retratado como fundador do programa litúrgico de Israel, e os reis que restauraram a liturgia depois de períodos sombrios de desordem e negligência recebem destaque: Ezequias depois de Acaz e Josias depois de Manassés e Amom servem de modelos para os judeus que sobreviveram ao caos do exílio na Babilônia. Seguindo essas ênfases, o Novo Testamento apresenta Cristo como herdeiro legítimo e perfeito da aliança de Davi (Mt 1,1; 22,42; Lc 1,31-33) e Aquele em quem o templo é cumprido (Jo 2,19-22; Ap 21,22). §. (Complemento).



§ VIDE OBS. NAS PÁGINAS: 300 à 306.







§ “SOBE A PALAVRA” {CRISTO} – VEJA O TERMO CORRETO NAS PÁGINAS DE Nº 174, 175 DE ISAÍAS. [CHRISTÓS – “O UNGIDO”]. Anselmo Estevan.

Veja, também, nas páginas: 205 – 207 – O TERMO CRISTÃO, E O TERMO REMANESCENTE – ACOMPANHADO DE “DANIEL” E “OSEIAS”...!!!

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