quinta-feira, 1 de setembro de 2011

1 KEFA (1 PEDRO).

3ª CARTA GERAL/CATÓLICA




PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PEDRO







INTRODUÇÃO





Visão geral

Autor: O apóstolo Pedro.

Propósito: Encorajar os messiânicos perseguidos e confusos a permanecerem unidos e firmes na fé.

Data: 60-68 d.C.

Verdades fundamentais:

Os messiânicos têm o maravilhoso privilégio de ver a grande salvação de Yahu em YahuShúa.

O privilégio da salvação traz consigo diversas responsabilidades importantes.

Os messiânicos devem ser santos, amar profundamente uns aos outros e consagrarem-se à glória de Yahu.

Os relacionamentos dentro e fora da Igreja devem ser mantidos de acordo com os padrões do Mashiach, e não de acordo com os padrões do mundo.

Os messiânicos devem encarar o sofrimento como seguidores do Mashiach da perspectiva correta. (Quando tentamos levar seu Nome VERDADEIRO [para o conhecerem]...!!! E. somos maltratados.....{Jo 17,11.12.26; Mt 6,9; Js 1,1; Mt 1,1; Atos 4,12!}). Anselmo. 23/08/11





Propósito e características

Pedro escreveu para encorajar os messiânicos perseguidos e confusos e para exorta-los a ministrarem na fé (5,12). Por esse propósito, ele repetidas vezes volta os pensamentos dos messiânicos para a alegria e glória de sua herança (1,3-13; 3,7; 4,13-14; 5,1.4.6.10) e os instrui sobre como comportar-se corretamente em meio ao sofrimento não merecido (4,12-19). Conquanto destinados principalmente aos messiânicos perseguidos, os princípios ensinados por Pedro aplicam-se a todos os messiânicos que sofrem, independentemente da causa, desde que o sofrimento não seja ocasionado pelo próprio pecado da pessoa. Com base nessa epístola, Pedro tem sido chamado com justiça de “o apóstolo da esperança” (cf. 1,3.13.21; 3,5.15). O impulso exortativo de toda a epístola pode ser resumido na fórmula “confiar e obedecer” (4,19; cf. 2,23).







A primeira Epístola de Pedro não desperta muito a atenção dos teólogos, porque não contém desenvolvimentos doutrinais e também porque não traz ensinamento característico com relação ao conjunto do Novo Testamento. O que mais se conservou dela é o trecho sobre o “sacerdócio régio” e o que menciona a pregação do Mashiach nos infernos. Quanto aos mais, é fácil demonstrar o parentesco da epístola com os sinóticos, com os discursos dos Atos e as exortações morais de Paulo. Contudo, esta convergência da nossa epístola com escritos de formas tão diversas não teria, talvez, algo a nos ensinar a respeito da catequese do período apostólico e sobre o essencial da vida messiânica? Atualmente muitos comentadores estão convencidos disso; eis a razão pelo qual o estudo desta epístola vem, desde vários anos, suscitando um renovado interesse entre os especialistas.



Os destinatários. A epístola contém poucas indicações que permitam a identificação precisa dos seus destinatários. É endereçada aos messiânicos que se encontram em cinco províncias romanas da Ásia Menor, “os eleitos que vivem como estrangeiros na dispersão” (1,1). Originalmente, este termo “dispersão” ou “diáspora” se aplicava aos judeus que residiam fora da Palestina, o que permitiria supor, à primeira vista, que aqui se trate de judeu-messiânico. Na realidade, esse termo é muito provavelmente empregado simbolicamente para indicar os messiânicos dispersos no mundo (cf. 2,11), de origem majoritariamente pagã. Com efeito, a alusão ao seu antigo modo de vida correspondente melhor a ex-gentios do que a judeus (1,14.18; 4,3).Todavia, eles já estavam familiarizados com a Sagrada Escritura, como prova o uso freqüente de citações do Antigo Testamento na epístola.

As comunidades a que se destinava a epístola tinham, na sua maior parte, sido fundadas durante a missão paulina ou seja, se não diretamente pelo próprio Paulo, ao menos por seus colaboradores que se espalharam pelas diversas províncias da Ásia Menor, a partir dos principais centros (cf. o exemplo de Epafras, que levou o Evangelho para Colossos, Cl 1,7). Na epístola, a organização dos ministérios é menos elaborada do que nas epístolas pastorais e se amolda melhor a uma época relativamente antiga da vida da Igreja primitiva; mencionam-se apenas os anciãos (5,1-4) e, indiretamente, os diáconos (cf. 4,11, nota). Com relação à condição social, os membros dessas comunidades, de modo geral, deviam ser humildes, como atesta a passagem especialmente desenvolvida sobre o modo de se comportarem os servos ou escravos (2,18-25).



Autor, data e lugar de composição. Tendo presentes os dados da epístola, o autor é Pedro, “apóstolo de Yahushúa o Mashiach” (1,1), “ancião”, “testemunha dos sofrimentos do Mashiach” (5,1), que escreveu sua carta “por meio de Silvano” (5,12), tendo junto a si Marcos, seu “filho” (5,13). A atribuição da epístola ao apóstolo Pedro é confirmado pela tradição: a segunda epístola de Pedro, um dos escritos mais tardios do Novo Testamento, já dá testemunho disso (2Pe 3,1); mais tarde, Irineu, Tertuliano e Clemente de Alexandria apontam o apóstolo Pedro como autor desta epístola. A isto tudo acresce o fato que, segundo o historiador Eusébio, Pápias atesta, nos inícios do século II, uma relação estreita entre o apóstolo Pedro e Marcos, autor do segundo evangelho (cf. também At 12,12).

Todavia, um grupo de especialistas pôs em dúvida a autoridade petrina da epístola. Eis os principais argumentos que apresentam, com as respostas que se lhes podem dar:

A) O grego da epístola é de tal qualidade, que parece difícil atribuí-la a Pedro, pescador galileu. A afirmação de que Pedro teria escrito seu texto em aramaico, fazendo-o depois traduzir para o grego por alguém (Silvano, 5,12), não resolve a dificuldade. Com efeito, custaria explicar, neste caso, por que as citações do AT, na epístola, são todas, sem exceção, tiradas diretamente do texto grego do AT. Mas o argumento não é decisivo. Tem-se advertido, de um lado, que o grego era comumente usado na Palestina no tempo de Yahushúa, como atestam documentos recentemente descobertos; assim sendo, Pedro podia muito bem ter conhecido esta língua. De outro lado, Pedro pôde contar com a colaboração de Silvano na redação de seu texto, o que permite explicar a boa qualidade do estilo.

B) Tem-se alegado ainda o paralelismo impressionante entre algumas idéias da epístola e a teologia paulina. Mencionemos apenas alguns exemplos: o uso da imagem veterotestamentária da pedra de tropeço (1Pe 2,4-8 e Rm 9,32-33), a exortação à submissão às autoridades (1Pe 2,13-17 e Rm 13,1-7), ou ainda o emprego da fórmula “em Maschiyah” (3,16; 5,10.14). Entretanto, uma passagem como Gl 2,11-14 não tornaria totalmente improvável uma influência do paulinismo sobre o pensamento de Pedro? Para dizer a verdade, as semelhanças que se podem aduzir entre a epístola e os escritos paulinos explicam-se facilmente pela existência de um fundo catequético comum na Igreja primitiva, fundo este utilizado tanto por Pedro como por Paulo. No que diz respeito ao incidente de Antioquia referido por Gl 2,11-14, a bem dizer, ele não atesta uma oposição teológica entre os dois apóstolos: o que Paulo censura a Pedro é a sua atitude numa circunstância particular, e não sua teologia.

C) Em 1 Pedro não se revela nenhum conhecimento direto de Yahushúa terrestre, como no-lo apresentam os evangelhos. Seu ouvir só fala de modo geral dos sofrimentos e da morte de Maschiyah, e silencia completamente noções centrais do ensinamento de Yahushúa (por exemplo “o filho do homem”, “o reino do Eterno”). Pedro, que fora discípulo tão achegado a Yahushúa, não se teria exprimido de outra maneira? Não se teria referido com mais precisão à experiência vivida ao lado do seu mestre? A isto se responde citando toda uma série de textos da epístola, que refletem palavras pronunciadas por Yahushúa (1,8 e Jo 20,29; 2,2 e Mc 10,15 par.; 2,12 e Mt 5,16; 2,23 e Mt 5,39; 3,9 e Lc 6,28; 3,14 e Mt 5,10; 5,3 e Jo 13,15-17; cf. 2,25 e Mt 9,36). Além disso, muitas destas palavras vêm de contextos diretamente ligados à pessoa de Pedro (p. ex. 5,2 e Jo 21,15-17; 1,4.13 e Lc 12,33.35.41). Faça-se especialmente tal comparação quanto ao tema do servo sofredor na epístola. Este tema, cuja origem remonta ao livro de Isaías (52,13 – 53,,12), é manifesto tanto nos evangelhos (Lc 22,37 e Is 53,12), como nos discursos de Pedro (At 3,13.26; cf. 4,27.30) e na nossa epístola (2,21-25). Convenhamos que não se deve exagerar o alcance real desses cotejos, pois bem circularam na Igreja coleções de palavras de Yahushúa. Mas bastam para provar que o argumento baseado na “ausência de recordações diretas do Mashiach terrestre” é muito discutível.

D) A epístola aludiria às primeiras perseguições oficiais generalizadas (e não apenas locais), que não se poderiam situar antes do reinado do imperador Domiciano (81 a 96 d.C.), portanto, muito depois da morte de Pedro (4,12 e 5,9). Esta opinião é igualmente contestável. Antes de mais nada, é preciso observar que o estado de espírito refletido pela epístola é muito diferente daquele do Apocalipse, no qual o Estado é apresentado com evidência como perseguidor: Nada há parecido em 1 Pedro, que continua ensinando o respeito às autoridades, já inculcado em Romanos (1Pe 2,13-17 e Rm 13,1-7), enfatizando particularmente seu papel positivo (2,14). Acrescente-se a isto o fato de que a epístola não emprega “os termos técnicos da ‘perseguição’, ...nem os de processo, tribunal, acusação...porém emprega vocábulos teológicos: a tentação-prova, os sofrimentos injustamente suportados por causa da justiça”. Seguramente se trata simplesmente “dos vexames, criticas zombarias, procedimentos injustos, delação, ostracismo... de que foram vítimas os messiânicos desde o princípio por parte dos seus concidadãos gentios ou antigos correligionários” (C. Spicq), o que não nos impediria, absolutamente, de fazer remontar a epístola a uma época relativamente antiga, quando ainda vivia o apóstolo Pedro. [PARTICULARMENTE, EU SINTO ISSO NA PELE...!] GRIFO MEU. ANSELMO ESTEVAN. 23/08/11. (ZOMBARIA....ETC.).

Em suma, as objeções contra a atribuição da epístola a Pedro não são decisivas. Pode-se manter a datação tradicional. Pedro teria confiado a Silvano a redação de uma carta circular de encorajamento, pouco antes da perseguição de Nero (64 d.C.). Entretanto, o estudo da situação histórica e do desenvolvimento do messianismo favorece mais a hipótese que situa a epístola num período não muito distante do martírio de Pedro, cerca de 70-80. Um discípulo residente em Roma teria redigido esta mensagem de exortação para manter viva a tradição do apóstolo e alentar as comunidades messiânicas dispersas.



Gênero literário, unidade e escopo da epístola. A atenção de numerosos críticos tem sido despertada pelas alusões ao batismo que aparecem, em particular, nos três primeiros capítulos da epístola. Além disso, alguns julgaram poder distinguir uma mudança de atmosfera a partir de 4,12: os sofrimentos já não são considerados qual mera possibilidade, mas, como realidade atual (4,12; 5,9; cf. 2,20; 3,14.17). Com fundamento em tais constatações, têm sido emitidas várias hipóteses a respeito do gênero literário e a unidade da epístola, encarecendo principalmente sua origem litúrgica. Uns pensam que ela reproduz uma liturgia batismal (1,3 – 4,11), à qual se teria ajuntado um escrito mais tardio, destinado a confirmar os batizados na fé (4,12 – 5,14). Outros não dão maior importância às diferenças notadas entre 1,3 – 4,11 e 4,12 – 5,11, e consideram 1,3 – 5,11 como uma homilia batismal, à qual se teria conferido a caráter de uma epístola pelo acréscimo de 1,1-2 e 5,12-14. Por fim, pretendeu-se ver em 1 Pedro uma liturgia da semana pascal.

Estas hipóteses, porém, esbarram em várias objeções: a unidade de vocabulário e de estilo da epístola torna improvável a existência de duas componentes de origem diferente. O endereçamento e a conclusão têm ligações claras com o corpo da epístola (“estrangeiros”, 1,1 e 2,11, cf. 1,17: a exortação, tema da epístola, 5,12 e 2,11). Além disso, a ação de graças (1,3-9) e o “código” de moral messiânica (2,13 – 3,7) contribuem para reforçar a convicção de que 1 Pedro foi deveras concebida como uma epístola. Verdade é que houve quem estranhasse a ausência de dados pessoais sobre o autor e os destinatários; isto, porém, pode ser explicado pelo fato de a epístola provir de quem goza de autoridade na Igreja, apesar de não ter sido o fundador das comunidades às quais se dirige. Quanto à mudança de perspectiva constatada a partir de 4,12, convém não enfatizar demais sua importância, pois os sofrimentos já são considerados como atuais em 1,6. Por outro lado, a grande variedade de tentativas de reconstituição de uma liturgia ou de uma liturgia batismal partindo do texto da epístola prova a natureza muito instável da hipótese. Ajuntem-se a isto dois fatos: não se encontra nenhuma menção clara à cerimônia do batismo na epístola (ao contrário de textos como Rm 6,3-4; Cl 2,12; Tt 3,5), a não ser uma única vez e, ainda assim, numa passagem de valor tipológico (3,21); além disso, não se vê no texto indício de qualquer progressão que permita reconstituir as etapas de uma cerimônia batismal (o verbo grego, p. ex., que alude ao novo nascimento em 1,23 já é empregado em 1,3; cf. 1,3 nota).

Portanto, não há como pôr em dúvida a natureza epistolar e a unidade de 1 Pedro. A epístola está solidamente enraizada em toda uma tradição catequética comum à Igreja primitiva. O final (5,12) lhe define exatamente o escopo: exortar e fortalecer na fé messiânica cujo zelo corria o risco de esmorecer, e cuja coragem estava sendo posta à prova por diversas tribulações. Neste intuito, o autor se refere a ensinamentos que esses messiânicos já tinham ouvido por ocasião da sua conversão e do seu batismo.





Conteúdo da epistola. Não é possível fornecer um plano lógico da epístola. Isto se deve à natureza particular deste escrito, no qual as exortações vêm constantemente entremeadas de elementos doutrinais destinados a justifica-las e reforça-las. De modo geral, o imperativo – a exortação – precede o indicativo – a declaração doutrinal -, que dá suporte a esta exortação (ao contrário das principais cartas paulinas, nas quais uma primeira parte doutrinal, com o indicativo referindo-se àquilo que os messiânicos já possuem em Yahushúa – o Mashiach, é seguido de uma segunda parte exortativa, com o imperativo convidando-os a viver de modo digno daquilo que receberam). Quando muito, pode-se admitir uma progressão na exortação, se se considerar que a atualidade da ameaça se torna clara a partir de 4,12. O conteúdo da epístola pode ser apresentado da seguinte maneira:



Endereçamento e saudação: 1,1-2.

Ação de graças (à guisa das bênçãos judaicas, cf. Ef 1,3-14), que se prolonga mediante uma reflexão sobre a revelação do plano da salvação 1,3-12.

Primeira exortação, dirigida a messiânicos de origem pagã, para convida-los a romper definitivamente com seu antigo modo de viver: 1,13 – 2,10.

- Apelo a uma vida de santidade, precisamente por causa da esperança que o Mashiach nos conquistou: 1,13 – 2,10.

- Alguns conselhos sobre a vida comunitária: 1,22 – 2,3.

- Fundamento doutrinal: se o ETERNO escolheu os messiânicos para fazer parte do templo espiritual, cujo fundamento é O UNGIDO, foi para que eles proclamassem aos altos feitos daquele que os chama à luz: 2,4-10. (indiscutivelmente saber seu NOME) grifo meu. Yah – YHVH – YahuShúa! SALVAÇÃO At 4,12!

Segunda exortação: 2,11 – 3,12.

- Declaração geral a respeito da conduta que se deve ter entre os pagãos: 2,11-12.

- Os deveres dos messiânicos, conforme sua situação: deveres com relação às autoridades, deveres dos servos para com seus patrões, deveres recíprocos dos esposos: 2,13 3,7.

- Novo apelo ao amor fraterno: 3,8-12.

Terceira exortação: 3,13 – 4,11.

- Apelo á confiança diante da oposição do mundo: 3,13-17. (Seu Nome) grifo meu. [Não o aceitam....????].

- Fundamento desta confiança: a vitória total de Maschiyah – o Mashiach: 3,18-22.

- Consequência prática do exemplo do Mashiach, ruptura com o pecado: 4,1-6.

- Vigilância na vida comunitária: 4,7-11.

Quarta exortação, determinada pela iminência da perseguição: 4,12-19.

Exortações particulares: 5,1-11.

- Recordações dos deveres dos chefes da comunidade: 5,1-4.

- Humildade e vigilância: 5,5-11.

Conclusão: 5,12-14.





A vida messiânica conforme a primeira Epístola de Pedro. Muitas vezes ignorou-se o valor todo especial da mensagem de 1 Pedro. Ora, este valor aparece com toda a clareza desde que se leve em conta à situação visada pela epístola. Para o autor não se tratava mais de lançar os fundamentos da fé, que já tinham sido ensinados aos leitores destinatários do escrito (1,12). Tratava-se bem pelo contrário, diante das crescentes dificuldades experimentadas pelas comunidades messiânicas, de exorta-las à perseverança, em razão mesmo da esperança que lhes fora pregada. Para tal fim, o apóstolo orienta as atenções de seus leitores em direção ao Mashiach, a fim de que eles tomem (ou retornem) conscientes do poder da vida nova que nele está (1,3; 2,2); ademais, insiste sobre a natureza vitoriosa da esperança recebida, fonte de uma atividade perseverante e radiosa na vida de cada dia.





A) O enraizamento na obra do Mashiach. O autor está convencido de que seus leitores foram escolhidos por Yahu em YahuShúa e, de agora em diante, fazem parte do seu povo (1,2-3; 2,9). Não obstante, quer leva-las a um enraizamento mais profundo na obra realizada pelo YHVH deles. É neste sentido que lhes recorda o sacrifício do Mashiach (1,2; 1,19) e seus sofrimentos (2,21-24), para que eles sigam seu exemplo (2,21). Insiste igualmente sobre a vitória do Mashiach, vitória que se estende a todas as esferas do universo (3,18-22) e para a qual a própria morte não é obstáculo (4,6; cf. 3,19). Doravante, é necessário que os crentes permaneçam unidos àquele que é a pedra angular, o fundamento sólido da comunidade (2,4-8).

A este propósito, é preciso ressaltar que a messiologia da epístola se assemelha mais à apresentada no início dos Atos, especialmente nos discursos de Pedro, que à de Paulo (p. ex., o tema do servo sofredor, conforme as citações acima; a função do batismo, At 2,38-40 e 1Pe 3,21; cf. igualmente At 2,31 e 1Pe 3,18). Note-se ainda que se encontram ecos de várias confissões de fé ou hinos da comunidade messiânica (p. ex. 2,22-24; 3,22; 4,6).





B) A esperança viva. O tema da esperança é importante desde o começo da epístola (1,3.13.21). Esta esperança é focalizada desde o tríplice ponto de vista da sua origem, do seu objeto e de suas consequências. Quanto à origem, ele não é fruto da imaginação ou dos esforços dos homens: é o do gratuito que ‘Elo(rr)Hím(i) [‘ULHIM] Yahu lhes concede pela ressurreição do YahuShúa o Mashiach (1,3) (tenha-se bem presente a que ponto a ressurreição do Mashiach está ligada à realização da salvação: 1,21; 3,21). Quanto ao objeto, ela está orientada para o reino futuro, para a herança imperecível que é garantida aos crentes, para o momento em que a fé se converterá em visão e no qual o povo de Yahu possuirá plena e definitivamente a salvação concedida no YahuShúa o Mashiach (1,4.7.13). Quanto as consequências para a vida atual dos fiéis, a esperança, longe de se confundir com uma atitude estóica ou uma resignação passiva, é de certo modo, o motor de um comportamento novo (1,13-15). É a esperança que possibilita aos crentes lutar com alegria (1,6), não a despeito da provação (que, à primeira vista, parece contradize-la), mas em meio à própria provação (4,12-13). A cada passo, ela é posta em questão pelo mundo, mas o crente deve estar disposto a dar testemunho dela com certeza tranqüila (3,15-16).

[Por isso mesmo procuro saber e transmitir seu Nome que SALVA: “YahuShúa!”]. Grifo meu: Anselmo Estevan. At 4,12; Ef 4,5; Fp 2,9-11!!!!!!!!!!!!!!!!



C) O testemunho na vida de cada dia. A epístola insiste na missão própria do povo de Yahu no mundo: Yahu escolheu homens para que o sirvam e irradiem por toda a terra o conhecimento das suas obras. Eis a razão por que o tema da eleição, em 1 Pedro, caminha de ar com o tema do sacerdócio dos fiéis (2,5; 2,9; cf. Rm 12,1). O serviço que lhes é pedido se exerce antes de tudo na Igreja (1,22; 2,1-5; 3,8-12; 4,7-11; 5,1-7). Os anciãos assumem uma responsabilidade particular, com o objetivo de manter a comunidade na vivência do amor fraterno (5,1-4). Mas há ainda toda uma série de obrigações relacionadas com os diversos aspectos da vida política, social e familiar (2,11- 3,7). As diretivas dadas sob este ponto de vista assemelham-se aos códigos morais, encontradiços na literatura profana da época ou no judaísmo. Não obstante, recebem orientação e conteúdo novos por suas referência ao YHVH (2,13) e pela atenção dada a cada pessoa, inclusive as mais humildes. Tais diretivas não parecem pôr em questão o que poderia parecer contestável nas estruturas sociais da época; aparentemente, nada têm de revolucionário. Mas, em determinada situação, indicam aos crentes a linha a seguir: levar uma mensagem de esperança, no amor do YHVH, e, graças a esta transformação interior da condição humana, permitir as necessárias reformas da vida social. Acrescentemos que, de modo geral, a epístola não dá mostras de hostilidade para com o mundo pagão. Muito pelo contrário, acentua a responsabilidade do povo de Yahu com relação a ele: em todas as circunstâncias, até nas mais penosas, os fiéis devem agir de modo a esclarecer os gentios (2,11-12; 3,13-17).

Aos messiânicos de todas os tempos, a epístola recorda o que implica “a esperança viva”, que é a deles em Yahushúa o Mashiach: a adesão confiante ao YHVH vitorioso junto com uma atividade construtiva a seu serviço.

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