sábado, 4 de junho de 2011

VEJA: "MIQUÉIAS" FALANDO QUE TODO CULTO FALSO IDOLATRA.......!!!

MIQUEIAS: Questões literárias e linguagem. O conteúdo do livro de Miqueias está distribuído conforme um esquema clássico nos textos proféticos: sentenças de condenação (Mq 1 – 3, exceto o “bloco errático” 2,12-13, de um lado; Mq 6,1 – 7,6 ou 7 de outro) e promessas de salvação (Mq 4 – 5; 7,7 ou 8-20), sucedendo-se conforme uma alternância regular. Evidentemente, esta distribuição é obra de redatores posteriores à composição dos oráculos. Surge assim a questão da autenticidade dos elementos neles contidos. Os caps. 1 – 3 e 6,1 – 7,6 são quase unanimamente atribuídos a Miqueias de Moréshet, que viveu no séc. VIII; os vv. 2,12-13 e a liturgia de 7,8-20 são situados em geral na época do retorno do Exílio, depois de 536. Os caps. 4 e 5 mantêm-se como objeto de discussão; alguns os vêem como um conjunto de oráculos pós-exílicos, outros reconhecem neles um substrato miqueniano reelaborado em sucessivas releituras. A questão continua aberta.


Tal como está, o livro apresenta as formas literárias clássicas herdadas da tradição profética: advertências, repreensões, oráculos de julgamento, requisitórios ou processos de aliança, promessas de salvação, fragmentos litúrgicos. Mas, na medida em que se pode sondar o substrato original dos textos, aparece claramente que Miqueias lhes imprimia sua marca pessoal: diversas vezes, a condenação transforma-se em lamentação (Mq 1,2-16 e 7,1-7), marca de uma sensibilidade vibrante que o profeta nem sempre consegue dominar. Será seu conflito com os responsáveis oficiais que o leva a afirmar seu interesse pelos gêneros do processo (1,1ss.; 6,1-8) e da controvérsia (2,6-11)? De vez em quando transparece até a linguagem coloquial. No mais, seu estilo, às vezes conciso a ponto de se tornar elíptico, aproxima-se do de Amós por seu vigor e crueza (2,6; 3,5). O quase sistemático recurso a jogos de palavras às vezes dificulta a compreensão do texto, além do fato de este nos ter chegado em estado bem alterado. O tradutor hesita às vezes quanto ao teor exato de certas passagens.





O profeta e seu tempo. O nome de Miqueias (Miká, Mikáiehu) representa uma interrogação abreviada: Quem é como o [Senhor]? (cf. Mq 7,18) e talvez evoque uma exclamação cultual (Sl 113,5; 35,10; 89,7-9; Is 44,6ss.). O nome aparece na Bíblia com relativa freqüência. Convém distinguir nosso profeta-escritor de outro profeta chamado Miqueias, mencionado em 1Rs 22 (= 2Cr 18).

Identifica-se geralmente a pequena aldeia de Moréshet, pátria de Miqueias (conforme 1,1), com o atual Tell el-Yudeideh. O profeta provém portanto de Judá, mais exatamente na Baixada situada a oeste da capital. Esta localização tem sua importância em vista do tempo e dos acontecimentos históricos aos quais o livro alude. {O nome...(Mq 7,18), o correto seria... [Yaohu]?...}. Anselmo Estevan. (*).





A mensagem. A pregação de Miqueias concerne essencialmente à situação moral e religiosa de Judá. Os hierosolimitanos julgam poder apropriar-se da aliança com garantia da inviolabilidade de sua cidade. Falsa segurança, denuncia Miqueias. Permanecendo Yaohu fiel à seu compromisso, o homem poderia considerar-se dispensado do seu! Ora, em Jerusalém, a corrupção dos poderosos tomara dimensão assustadora, profetas e juízes mais preocupados com seu proveito que com a verdade e a eqüidade de que são responsáveis. Alargou-se o fosso entre proprietários e pobres, a situação social é deplorável. Os cultos são celebrados com fausto, mas não implicam conversão do coração. O mal se tornou tão radical que Samaria e Jerusalém aparecem como a personificação do pecado (Mq 1,5). O castigo conseqüência do julgamento de Yaohu, estará à altura de sua rebeldia. O fato de ter anunciado este julgamento granjeará a Miqueias, na história, a fama de profeta de desgraça (Jr 26,18). Contudo, não convém ver na catástrofe que se aproxima da cidade santa a manifestação de uma ira cega e implacável, mas antes o julgamento de um Deus que não tolera a injustiça. O profeta se refere a um ideal da Aliança resumido na admirável fórmula de Mq 6,8; Israel é julgado em função de sua eleição.

Todavia, o livro de Miqueias não se restringe a perspectivas sombrias. O castigo talvez se transforme em apelo à conversão. Yaohu já está preparando uma renovação no humilde clã de Efrata (Mq 5,1-5), onde se espera um rei messiânico descendente de David. A reunificação das tribos dispersas inaugura a grande paz que se estenderá até os confins da terra. Jerusalém tornar-se-á centro de atração universal, e as nações acorrerão de toda parte, para nela encontrar YAOHU e receber sua Palavra (Mq 4,1-5). Fonte de bênçãos para as nações convertidas ao ETERNO, o pequeno resto israelita desempenhará em relação aos povos rebeldes o papel de instrumento da vingança divina. Toda falsa segurança humana, todo culto mentiroso, toda prática idolátrica serão varridos. Israel entregar-se-á totalmente a YAOHU e só esperará sua salvação de uma iniciativa divina.

Conforme o título do livro, Miqueias exerceu seu ministério sob os reis Iotâm, Acaz e Ezequias de Judá, ou seja, entre 750 e 697. É contemporâneo do Primeiro Isaías. Nenhum texto, todavia, permite afirmar com certeza sua manifestação no tempo de Iotâm; convém antes pensar no fim do reinado de Acaz. De outra parte, será que o título registra toda a atividade do profeta? Alguns passos extremamente duros talvez se refiram ao ímpio rei Manassés e sua época. Nesta hipótese, o ministério de Miqueias se estenderia de 725 a 680. Este período foi marcado por dois fatos importantes. Em primeiro lugar, a queda de Samaria, em 722, depois de sucessivas crises dinásticas. Miqueias viveu esta catástrofe: anuncia-a em 1,6-7. O outro grande fato histórico consiste na invasão da Baixada por Senaqueribe, em 701. A pátria do profeta fica de repente incluída na zona de ação dos exércitos assírios. Miqueias chega a ver a desgraça aproximar-se de Jerusalém, cuja queda considera inevitável (1,8-16 e 3,12).

Miqueias vê-se assim envolvido na tormenta que atinge sua terra. Mas, à diferença de Isaías, não se envolve de modo prático no jogo político. Nunca se pronuncia, por exemplo, sobre os esforços diplomáticos dos responsáveis. Ao contrário, considera os acontecimentos conseqüência inelutável do pecado de Israel, a saber, a injustiça social e o conluio com os cultos estrangeiros.

Na sua luta, Miqueias aparece como um homem solitário, só diante do povo cujo sofrimento partilha, só diante dos poderosos (sacerdotes, juízes e príncipes, cf. Mq 3), só diante dos profetas cegos que anunciam um futuro de felicidade e facilidade (Mq 2,6-11). Mas enfrenta-os com coragem, consciente de ser conduzido pelo “Rúkha” do ETERNO, que lhe dá a força de cumprir sua missão (Mq 3,8).



Oráculo: A “Mensagem de Yaohu” revelada no AT (RA: Rm 3,2; Hb 5,12; 1Pe 4,11). Resposta que, por meio de augúrios, os pagãos esperavam receber de divindade, consultada em momentos de indecisão (Ez 21,21-23, RA; v. NTLH).



(*): Possivelmente seja “Senhor” mesmo pelo nome: “Mikáiehu” = SENHOR! Onde, o Nome de “Deus”, foi “alterado...”!! Anselmo Estevan.

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