quinta-feira, 1 de setembro de 2011

COLOSSENSES.

EPÍSTOLA DE PAULO AOS




COLOSSENSES







INTRODUÇÃO





Visão geral

Autor: O apóstolo Paulo.

Propósito: Afirmar e explicar a supremacia e suficiência de Maschiyah em oposição a todos os outros poderes e tentativas para obter a salvação.

Data: c. 60 d.C.

Verdades fundamentais:

Maschiyah é supremo sobre toda a criação e sobre toda a Igreja.

Os messiânicos não devem ser confundidos pelos falsos credos que misturam fé verdadeira com falsas religiões ou filosofias.

Maschiyah é totalmente suficiente para trazer a plenitude e a novidade de vida para os messiânicos.

Os messiânicos devem viver na dependência de Maschiyah e não de outros poderes.





Propósito e características

A epístola aos Colossenses foi dirigida aos messiânicos que estavam sob a influência de um falso ensino que misturava elementos da filosofia grega com o judaísmo. Em parte, esse movimento ensinava que os messiânicos de Colossos estavam sujeitos a uma diversidade de forças espirituais que precisavam ser apaziguadas por meio da veneração, do asceticismo e da observância de dias santos especiais.

Paulo escreveu para ajudar os membros da Igreja em Colossos a permanecerem firmes na verdade de que Yaohu já os havia aceitado em virtude da união deles com Maschiyah. Conquanto a perfeição, ou a maturidade, permanecesse diante deles como um objetivo a ser buscado (1,22-23.28), eles já estavam “aperfeiçoados” (2,10), por meio de Maschiyah, o Perfeito.

É difícil reconstruir precisamente os elementos do falso ensino ao qual Paulo reagiu porque a epístola é mais uma positiva afirmação da suficiência da pessoa e da obra de Maschiyah do que um combate ao erro. No entanto, certos aspectos desse falso ensino vêm à tona.

Em primeiro lugar, esse movimento alegava ser uma “filosofia” (2,8). Como foi freqüentemente o caso no período helenístico, a palavra filosofia não se referia a uma nacional, mas a especulações a respeito do oculto e a práticas baseadas num corpo de “tradição” (2,8).

Segundo, aparentemente esse falso ensino era muito dependente do judaísmo. Ele dava grande valor às ordenanças legais derivadas do Antigo Testamento, tais como as regras alimentares, o sábado e a observação da lua nova, bem como a outras prescrições do calendário judaico (2,16). [Então, por tudo isso; é que o Nome de ‘Elo(rr)hím(i) nunca foi dito, pronunciado, mas, sim: BLASFEMADO ENTRE OS GENTIOS PELO SEU PRÓPRIO POVO DEVIDO A REGRAS HUMANAS... QUE NA MAIORIA DAS VEZES SE TORNAM INÚTEIS COMO A ALGUNS CASOS JÁ CITADOS...; COMO DESCREVE ESSE TEXTO...!]. Anselmo Estevan. A menção da circuncisão (2,11) também aponta para a natureza judaica do falso ensino, mas isso não sugere que o ritual do Antigo Testamento fosse um tema central em Colossos, como era na Galácia.

Terceiro, o papel dos espíritos angélicos era um elemento importante nesse ensino!







EPÍSTOLAS PAULINAS: (7ª).



Conteúdo da epístola. Breve em extensão (quatro capítulos), vasta em desenvolvimentos teológicos, a Epístola aos Colossenses faz parte tradicionalmente das epístolas ditas “do cativeiro”.

Como de costume, a carta começa com uma liturgia epistolar (1,1-20): saudação, ação de graças pelo progresso do Evangelho (3 – 8), prece pelos fiéis (9 – 12) e a seguir, um hino que enaltece Maschiyah como cabeça do universo e dá o tom a toda a epístola (13 – 20). Os vv. 21 – 23 interpelam os destinatários e, da interpelação, passa-se à evocação do ministério apostólico cuja missão é realizar o que o hino celebrou: Paulo deve levar a palavra e as tribulações de Maschiyah à sua consumação, para manifestar a glória de Yaohu entre as nações (1,24 – 2,5).

De 2,6 a 3,4, depara-se à advertência que motivou o envio da carta: a Igreja é alertada diante do perigo que a ameaça por causa das doutrinas e observâncias preconizadas por doutores “heréticos” chegados a Colossos. No centro desta parte polêmica, eleva-se uma nova celebração da vitória de Maschiyah sobre os poderes celestes, vitória à qual os fiéis são associados por seu batismo (2,6-15) e que fundamenta a liberdade messiânica contra toda tentativa de escravização (2,16 – 3,4).

A exortação toma a seguir um sentido mais geral (3,5 – 4,6). Ela se apóia de novo no batismo: despojados do velho homem, os fiéis se revestiram do homem novo, cuja vida se realiza na comunidade messiânica, tanto pelo modo de proceder como pelo culto (3,5-17).

Vêm então recomendações no tocante às relações com os demais: são os quadros tradicionais que tratam da vida familiar e social, integrada “no YHVH” e dotada por isso de um sentido novo (3,18 – 4,1). A epístola termina com um apelo à vigilância e à prece (4,2-4), uma indicação sobre as relações com os não-messiânicos (4,5-6) e uma longa lista de saudações e mensagens pessoais (4,7-17), que acabam com a saudação final do apóstolo (4,18).



A crise de Colossos. 1. Os dados da epístola. Paulo, prisioneiro (4,3.10.18), dirige esta carta aos messiânicos de Colossos (1,2). Ele nunca foi a esta localidade (1,4; 2,1) situada na Frígia (Ásia Menor), 200 km a oriente de Éfeso. Durante a longa estada do apóstolo em Éfeso (At 19), o seu discípulo Epafras, colossense de origem (4,12), fundou esta comunidade (1,7) ao mesmo tempo que a de Hierápolis e Laodicéia (4,13), duas cidades vizinhas situadas igualmente no vale do Lico. Laodicéia figura entre as “sete Igrejas” da Ásia nomeadas pelo Apocalipse (1,11; 3,14), e chegou-se a pensar na hipótese de ter sido a destinatária do apóstolo dita “aos Efésios” (Cl 4,16 – cf. introd. a Ef). Segundo a Epístola. Paulo, informado da situação crítica de Colossos por Epafras, que viera juntar-se a ele na prisão (4,7), envia Tíquico, talvez portador da nossa carta (4,7-8; cf. Ef 6,21), e Onésimo (4,9). Eles serão os seus porta-vozes na provação que essas Igrejas atravessam, Igrejas que o apóstolo não fundou e nas quais as suas cadeias o impedem de intervir diretamente.

2. Um combate teológico e espiritual. Paulo já se deparou com muitas dificuldades, mas, ao contrário do que sucedeu em Corinto ou na Galácia, tudo indica que aqui as questões pessoais (rivalidades ou contestações ao apostolado de Paulo) não desempenharam papel determinante. Não obstante numerosos estudos, o teor das idéias propagadas em Colossos ainda não nos é claramente conhecido. Temos como informação apenas a própria epístola, cujas afirmações são muitas vezes alusivas; além disso, alguns termos técnicos permanecem para nós obscuros: custa discernir, às vezes, se determinada indicação deve ser atribuída aos novos doutores ou se exprime um juízo do apóstolo (assim 2,18.21.23). A tendência fundamental deste movimento consistia em procurar uma espécie de superação do evangelho apostólico. Especulações sobre o mundo dos poderes angélicos, das práticas ascéticas, um certo recurso a observâncias legalistas deviam completar a fé em Maschiyah e comunicar aos fiéis um conhecimento superior dos mistérios e uma vida religiosa mais conforme com suas aspirações. Encontram-se aí alguns traços do “evangelho judaizante” que Paulo já combatera na Galácia, mas um evangelho judaizante que teria evoluído e se apresentaria mais eivado de esoterismo; nele discernem-se tendências que descambariam nos sistemas elaborados da gnose do século II. Um vocabulário novo se desenvolve; vestígios dele encontram-se nos escritos ulteriores do NT e fora dele.



Características da epístola. Marcado por este confronto, a Epístola aos Colossenses manifesta certa originalidade com relação às cartas anteriores de Paulo:

a) Observa-se uma mudança de estilo que se acentuará em Efésios: acúmulo de sinônimos, enfiadas de complementos, desenvolvimentos litúrgicos (1,3-8.9-20), frases às vezes obscuras ou incorretas (2,18-19.20-23), multiplicando incisos, orações participiais ou relativas...

b) Do ponto de vista do vocabulário, constata-se igualmente uma evolução. Termos já empregados por Paulo produzem em torno de si uma cristalização inédita do pensamento: cabeça, corpo; autoridades e poderes, elemento do mundo; mistério, economia, plenitude; sabedoria, riqueza, conhecimento etc. (pode-se notar uma forte influência da literatura sapiencial). O termo “santos” predomina para designar os messiânicos.

c) O próprio pensamento sofre uma mutação, às vezes quase imperceptível, mas que anuncia novas perspectivas. Convém pôr em relevo sobretudo as acentuações e modificações seguintes:

- a exaltação de Maschiyah assume toda a sua dimensão cósmica; ele é celebrado como cabeça do universo e das potências, e como cabeça da Igreja;

- o conceito de Igreja se modifica: a idéia de corpo que, em 1Co 12, exprimia a unidade na diversidade no seio da comunidade adquire, também ela, uma amplitude universal; mais nitidamente do que em 1Co , a Igreja (corpo) é distinta de Maschiyah (cabeça);

- as categorias espaciais (em cima, embaixo) predominam sobre as categorias temporais e escatológicas. O Reino é situado acima de nós, como realidade que nos domina (1,13; 3,1-4) e não à nossa frente, como realidade vindoura (cf. Mc 1,15);

- a teologia do batismo sofre por consequência uma notável modificação. Em Rm 6, Paulo exprimia no passado a nossa união à morte de Maschiyah e no futuro a nossa participação em sua ressurreição; Colossenses afirma que o batizado morreu e já ressuscitou com Maschiyah (cf. 2,12 nota; 3,1).

- a noção de “pleroma”, os temas de sabedoria e iluminação se substituem às nações jurídicas associadas, em Paulo, à ação do Rúkha. O Evangelho tende a tornar-se “mistério”.

Todos esses traços reaparecerão em Efésios: as semelhanças de estilo e pensamento entre as duas epístolas constituem um problema específico (ver introdução a Efésios).



Autenticidade. Os principais elementos que entram em consideração são os seguintes: 1º Os critérios literários e teológicos que acabamos de resumir. Segundo a importância que se lhes atribua e à medida que se insiste mais nas semelhanças ou nas diferenças com relação às demais epístolas, considera-se a carta como obra do apóstolo, chegado ao fim da sua carreira; como obra de um secretário ou de um dos seus discípulos imediatos; ou enfim como obra mais tardia da assim chamada “escola paulina”. 2º Os dados que permitem definir as relações entre Colossenses e as outras epístolas. Estes são complexos: a carta aos Colossenses tem traços de semelhança com epístolas de épocas bastante diferentes. Um tema como o dos “elementos do mundo” e certos modos de exprimir-se aproximam, por exemplo, Colossenses de Gálatas (cf. Gl 4,1-11 e Cl 2,6-23). Por outro lado, Colossenses forma com Filêmon e Efésios um grupo caracterizado por idêntica situação. Paulo, prisioneiro (Fm 9,10.13.23; Ef 3,1; 4,1; 6,20), encarrega Tíquico e Onésimo de missão análoga (Fm 12; Ef 6,21-22). Colossenses não deixa de vincular-se também a Filipenses, outra carta do cativeiro. – Esses elementos, todavia, não são decisivos e é possível admitir empréstimos de uma epístola a outra. 3º A natureza exata da crise de Colossos. Ainda neste particular, entretanto, é difícil fornecer uma data segura. A imprecisão das alusões às doutrinas e às práticas, a duração dos fenômenos de contágio entre a fé messiânica e os movimentos pré-gnósticos não nos permitem dizer com certeza o momento em que o conflito teria surgido.

Levando em conta o conjunto desses dados, três tipos de solução foram propostos:

a) A opinião corrente situa Colossenses, com Filêmon, Efésios e Filipenses, na última fase do ministério de Paulo do seu primeiro cativeiro romano (61 – 63). Colossenses representaria o primeiro esboço da sua síntese teológica, que desabrocharia em Efésios: o pensamento do apóstolo se eleva mais alto e olha para mais longe, para manifestar a significação universal da cruz e da exaltação de Maschiyah, para desvendar as últimas implicações do mistério da salvação na Igreja. Explicam-se assim as mudanças de estilo e de perspectiva desta nova síntese do paulinismo. A hipótese de uma composição de Colossenses durante o cativeiro em Cesaréia (de 58 a 60) entra em um quadro histórico análogo. A crise da Galácia nos mostra, por outra parte, que a evolução das idéias pôde efetuar-se bastante cedo.

b) Entre os defensores da origem paulina da epístola, vários a situam, com Filipenses e Filêmon, não no fim, mas no centro da atividade missionária e literária de Paulo, entre os escritos que remontam à longa estada em Éfeso (de 54 a 57), durante a qual se pode supor um cativeiro do apóstolo (sobre as dificuldades de Paulo nesta cidade, cf. 1Co 15,32; 2Co 1,8-10). Assim se podem explicar as relações próximas e constantes entre o apóstolo e as Igrejas, mas não se conta com um espaço de tempo muito prolongado para situar a elaboração de Colossenses, e isto força a afastá-la de Efésios, que, neste caso, é geralmente tida como não-paulina.

c) Na extremidade oposta, há aqueles para os quais a situação da Igreja, o conteúdo e a forma da epístola convidam a considerar Colossenses como um escrito representativo da geração pós-apostólica. As preocupações escatológicas se esbateram e, diante das primeiras investidas da gnose, a Igreja faz apelo à autoridade apostólica, legitimando o ministério e a pregação de Epafras em nome de Paulo. Ao mesmo tempo, a epístola nos revelaria a estatura que este último adquirira aos olhos dos messiânicos no fim do século 1 (cf. 2Pe 3,15-16).



Alcance da Epístola. Se as opiniões a respeito da data ou da atribuição da carta podem ser tão diversas, elas se conciliam para reconhecer que a Epístola aos Colossenses concorda fundamentalmente com a mensagem que Paulo formulou em outras circunstâncias: nós somos plenamente cumulados em Maschiyah. Ele é tudo para a nossa justiça (Gálatas e Romanos), tudo para o nosso destino, nossa morte e nossa vida (Colossenses). Cautela para não enfiar de novo o dedo na menor engrenagem da lei, pois isso seria voltar à escravidão anterior (Gl)! Atente-se para não associar ao lado, acima, abaixo da soberania de Maschiyah, algum culto às potências: seria voltar à servidão (Cl)! Eleva-se o mesmo cântico da liberdade messiânica. Impõe-se o mesmo recurso ao batismo como acontecimento irreversível que nos arrancou a toda outra justiça (Gl, Rm) e a todo outro poder diferentes dos de Maschiyah (Cl). E se o leitor tem a impressão de passar de uma linguagem antes marcada pelo tempo e pela expectativa da vinda de Yaohu, para uma linguagem dominada pelo espaço e pela exaltação de Maschiyah como cabeça do universo, é a serviço da mesma proclamação: Maschiyah morreu e ressuscitou de uma vez por todas; de uma vez por todas nós estamos unidos a ele. Ligada à sua vida, a nossa está vitoriosamente estabelecida nos “lugares celestes”, onde se agitam as potências que poderiam ameaçar a nossa libertação. Isto não significa incitar-nos à evasão, mas, como indica o fim da epístola, conduzir-nos a uma existência autêntica.

À primeira vista, nada mais estranho para nós do que essas alusões a potências que povoariam o mundo supraterrestre, anjos e forças o controlar o curso dos planetas e dos destinos. Nada mais estranho do que as prescrições alimentares ou práticas rituais às quais os messiânicos de Colossos são tentados a se associar. Mas, por pouco que o leitor atente a essas questões e se compenetre da resposta apostólica, compreende a repercussão desta epístola em nossa atualidade. As potências mudaram de nome, as nossas tentativas para conciliar-nos com elas ou para lhes escapar não são mais as mesmas, e no entanto os colossenses são nossos irmãos. O homem do século XX , mesmo o messiânico, sente uma dificuldade análoga de saber-se responsável. Sente-se joguete de forças que arrastam o planeta numa evolução irreversível. A salvação não pode mais consistir somente em uma obediência pessoal a uma lei ou a uma moral muitas vezes rejeitadas, mas no fato de escapar a garras de uma alienação ameaçadora. Também para nós põe-se a questão determinante da relação entre Maschiyah e o universo: que vínculo pode existir entre o que nós entrevemos do cosmo e o Evangelho pregado e acolhido?

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