sábado, 4 de junho de 2011

VEJA: O LIVRO SE "SALMOS" - FALANDO DE dEUSES PAGÃOS....!!!!

Os hinos que se dirigem ao ETERNO da Aliança formam um grupo compacto (8; 19; 33; 100; 103; 104; 111; 113; 117; 135; 136; 145 – 150; cf. 78; 105). Israel canta sua fé no Deus – Yaohu – único, eterno, todo-poderoso, onisciente, criador, ETERNO da história, sempre fiel ao povo por ele escolhido. Esses louvores são a resposta da comunidade à palavra do seu ETERNO, a reação de um povo que não cessou de encontrar na sua história o Yaohu vivo, seu guia, juiz, defensor, libertador. Salmos históricos, como 78 e 105, celebram em forma de hino os feitos, as “maravilhas” ou os “milagres” de Yaohu, tais como se nos manifestam através da história da salvação. Esses atos de Yaohu são palavras, sinais, epifanias, da mesma forma que as palavras divinas equivalentes a atos. O louvor que brota dos lábios de Israel não decorre de reflexões filosóficas, mas da experiência espiritual deste povo.


Nas suas descrições da natureza, os salmistas são tributários das concepções vigentes em sua época; são muito mais testemunhas de sua contemplação religiosa do universo do que de uma visão poética do cosmo. Os fenômenos atmosféricos, a alternância das estações escondem e revelam as intervenções divinas. A natureza manifesta por transparência a presença do seu autor.

Certos comentadores têm relacionado determinadas passagens dos louvores ao Criador com a literatura extrabíblica: O canto dá tempestade (29) recordaria os hinos em honra do BAAL cananeu; o início do Sl 19 conteria reminiscência das orações ao deus-sol; o cântico da criação (104) se inspiraria no hino egípcio ao deus Aton. Entretanto, os salmistas não plagiam; eles extraem seus modelos eventuais de RAS SHAMRA-UGARIT, da Babilônia e do Egito. Eles cantam o Deus único; se haurem de outras fontes, assimilam; sua alquimia a tudo transmuda: O ETERNO não se confunde com uma força cósmica; ele é antes de tudo YAOHU – o DEUS da História universal e da história de Israel.

b) Os cantos do “Reino” (93; 96 – 99; cf. 47) assemelham-se aos hinos. No Saltério, foram agrupados devido às suas afinidades especiais, à sua tônica universalista, à aclamação que ressoa em vários deles: O ETERNO é rei! (93,1; 96,10; 97,1; 99,1; cf, 98,6). Celebram com entusiasmo a Yaohu entronado, rei e juiz de Israel, ETERNO dos povos. A origem de tais salmos lança raízes no culto (96,8-9; 99,5). A alegria transborda neles como em um dia de dedicação: Israel, os povos, as ilhas, todos os elementos do universo explodem em gritos de júbilo. Seriam esses salmos – que certos exegetas assemelham a cantos de entronização – utilizados por ocasião de uma liturgia determinada, como a festa dos Tabernáculos, de Jerusalém, do Ano Novo? É impossível responder com certeza a esta pergunta. Certos comentadores enfatizam pontos de contato com a última parte do livro de Isaías (cf. Is 52,7) e descobrem nesses cânticos novos (96,1; 98,1) perspectivas escatológicas. Contudo, no culto de Israel o presente atualiza o passado e antecipa o futuro: ao fazer reviver o passado, a liturgia reaviva a esperança.

c) Os cânticos de Sião exaltam Jerusalém e seu Templo (46; 48; 76; 84; 87; 122; cf. 24,26; 132). Sião acumula títulos brilhantes: capital da dinastia davídica, metrópole religiosa, a mais santa das moradas do Altíssimo, cidade de Yaohu, cidade do grande rei. Esta ladainha de louvores dirige-se em última instância ao próprio ETERNO, que escolheu o monte Sião por residência e lugar de descanso. O Sl 132, talvez cantado para comemorar a dupla escolha da cidade e do seu rei, parece fazer eco ao relato de 2Sm 7. O autor do Sl 68 narra, num estilo épico crivado de reminiscências de antigos poemas, a cavalgada vitoriosa, ou melhor, a procissão solene da arca para o seu lugar definitivo. A nova capital, fundada sobre as montanhas santas, reinvidica o título de Extremo Norte (48,3) que a mitologia cananeu atribuía à morada de BAAL. E muito mais: o Sinai está no santuário! (68,18). A presença permanente do Todo-poderoso assegura a estabilidade, a segurança dessa cidade que se torna um refúgio invencível. Daí a confiança absoluta do povo, mesmo nas mais dramáticas situações. Os cânticos de Sião esboçam uma espécie de mística que idealiza a cidade, futura metrópole dos povos (87). Há exegetas que falam, neste contexto, de escatologia. Diremos uma vez mais que a liturgia antecipa: celebra no hoje cultual o desabrochar do amanhã, o futuro da cidade predestinada (cf. Is 2,2-4; 60; Mq 4,1-3; Zc 8).

Inspiração idêntica anima o grupo dos salmos das subidas ou para as subidas (120 – 134). Segundo a Mischná, os levitas executaram esses cantos nos quinze degraus do Portal de Nicanor. Admite-se facilmente que os peregrinos utilizavam esses salmos ao “subir” a Jerusalém. Não obstante seu parentesco, esses poemas, muitas vezes bastante breves, e provavelmente de origem tardia, apresentam formas literárias diferentes, até híbridos; tratam de assuntos variados.

d) Se os “salmos do Reino” celebram o Rei por excelência, o ETERNO, os salmos régios glorificam os monarcas do reino temporal (2; 18; 20; 21; 45; 72; 89; 101; 110; 132; 144). Por ocasião da consagração, da entronização e da coroação, do aniversário da subida ao trono, de um casamento de príncipe, antes de empreender uma guerra ou após uma vitória, tanto na provação como no êxito, desenrolavam-se cerimônias no palácio real e no Templo. Da diversidade das situações deriva a diversidade dos cantos: Homenagem ao rei e à sua dinastia, hinos, ações de graças, súplicas, desejos, oráculos etc. Esses cantos de circunstância oferecem, pois, uma ampla variedade no tocante à sua estrutura, seu fraseado influenciado pelo protocolo da corte, seus temas. Seu ar familiar lhes advém do ambiente de origem – a corte – e do personagem ao qual concernem – o rei. A honra prestada ao chefe da nação teocrática reverte para o ETERNO. Com efeito, o monarca é filho adotivo de Yaohu e seu herdeiro. Ungido do ETERNO, este “messias” ocupa o trono à destra do Altíssimo: Ele é o beneficiário da estabilidade e da perenidade do trono de David, ao mesmo tempo, o “trono da soberania do ETERNO sobre Israel” (1Cr 28,5). A promessa feita a David por intermédio de Natan aflora várias vezes nesses salmos (2,6-7; 45,7; 89,4-5.20-38; 132,10-12). Há íntima ligação entre os poemas régios, os cantos do Reino, os cânticos de Sião; todos esses salmos trazem em seu bojo uma promessa de plenitude: expectativa do Messias, espera do reino definitivo de Yaohu, expectativa de uma metrópole ideal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário