A tristeza na miséria física e moral da catástrofe política e religiosa, o arrependimento em relação à conduta pecaminosa, que forçou Yaohu a aniquilar o seu povo, e a esperança da fé no ETERNO, mestre da história, infundem nesse livro uma beleza trágica e expressam uma mensagem, que, embora ligada a estas circunstâncias particulares, permanece atual através dos tempos.
5. As Lamentações deploram o luto de Jerusalém (1,1.4; 2,8; 5,15): ela está prostrada em lágrimas (1,2.16; 2,11.18; 3,48s.), em gemidos (1,4.8.11.21.22), em aflição (1,4.5.8.12; 3,32s.), em estado solitário (1,4.13.16; 3,11; 4,5; 5,18), em desnudamento (1,8) e fome (1,11.19; 2,12.19; 4,4.5.8-9; 5,6.10).
Está ferida nos seus seres mais queridos: as crianças (1,5.20; 2,4.11.19.20.22; 4,4.10; 5,13), as jovens: (1,4.18; 2,4.10.21; 5,11), os jovens (1,15.18; 2,21; 4,7; 5,12.14), os anciãos (1,19; 2,10.21; 4,16; 5,12.14), os sacerdotes (1,4.19; 2,6.20; 4,16), os profetas (2,9.20) e os reis (1,6; 2,2.6.9; 4,20; 5,12). Está profanada em suas realidades mais santas: o Templo (1,4.10; 2,1.4.6.7.20) e a assembléia fiel ao Encontro divino (1,4.10; 2,6.7.22).
Em sua aflição e graças a ela, a Cidade Santa toma consciência de seu pecado, que é revolta (1,5.14.22; 3,42), desobediência (1,18.20; 3,42), falta (1,8; 3,39; 4,6.13.22; 5,7.16) e perversidade (2,14; 4,6.13.22; 5,7). Esse pecado, ela o confessa (3,42; 5,7.16), pecado que faz pesar sobre ela a sua mão, que não é senão a mão dos inimigos (mais de vinte vezes nomeados) e, no fundo, a mão do próprio Yaohu (1,14).
Com efeito, é Yaohu que faz descobrir aos seus filhos a rejeição absoluta de todo mal, rejeição que provoca a sua ira (1,12; 2,1.3.6.21.22; 3,43.66; 4,11), o seu furor (2,4; 4,11), a sua fúria (2,2; 3,1), sua chama aterradora (1,13; 2,3-4; 4,11). É ele, a quem os pecadores encaram como um inimigo (2,4-5; 3,1-18.43-45): ele aflige (1,5.12), entristece (2,1) e traga (2,1-8). Ele parece, então, longínquo (1,16), e, todavia está sempre perto (3,57), ouve (3,56.61), vê (1,9.11.20; 2,20; 3,50.59-60.63; 5,1), se lembra (3,19; 5,1.20).
Pode-se confiar nele, pois é justo (1,18; 3,34-36), todo-poderoso (3,37-38; 5,19), fiel (3,32), Salvador (3,26), redentor (3,58), capaz de consolar (1,16) e tão bom (3,25) que manifesta entranhas, que dizer, ternuras materiais, renovadas todas as manhãs (3,22-23). A desgraça, fruto do pecado, é de sua parte a graça suprema: ela conduz à humildade confissão e finalmente à conversão, não propriamente à conversão que o homem pretenderia realizar por si mesmo (3,40), mas à conversão que somente Yaohu pode operar no homem: Faze-nos voltar a Ti, ETERNO, e voltaremos (5,21).
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