quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Y'HUDAH (JUDAS).

8ª CARTA GERAL/CATÓLICA




EPÍSTOLA DE JUDAS







INTRODUÇÃO







Visão geral

Autor: Judas, o irmão de Yahushúa.

Propósito: Combater o falso ensino de que a liberdade e a salvação dos messiânicos pela graça dão a eles licença para pecar.

Data: 65-67 d.C.

Verdades fundamentais:

Um castigo rigoroso aguarda aqueles que se rebelam contra (ELORRÍM) ELOHÍM Yahu e O Mashiach – O UNGIDO – YahuShúa.

Os messiânicos (seguidores do Messias) devem resistir com vigor aos falsos mestres na Igreja.

A liberdade messiânica e a livre graça de Elohím Yahu não dão aos messiânicos, licença para pecar.

Os messiânicos são responsáveis por procurar ativamente fazer boas obras e crescer espiritualmente.





Propósito e características

O principal interesse de Judas nessa epístola era denunciar os falsos mestres. Ele confrontou uma ameaça semelhante àquela que 2 Pedro se contrapôs: falsos mestres que usavam a liberdade messiânica e a livre graça de Elohím Yahu como licença para a imoralidade (v. 4; cf. as notas sobre 2Pe 2,2.14). A maior parte da epístola (vs. 4-19) é dedicada às condenações severas dos falsos mestres a fim de impressionar os leitores com a seriedade da ameaça. A estratégia de Judas era, contudo, mais do que uma simples oposição negativa. Ele também insistiu com seus leitores para que crescessem no conhecimento da verdade messiânica (“edificando-vos na vossa fé santíssima”, v. 20) para dar um firme testemunho da verdade (“batalhardes, diligentemente, pela fé”; v. 3) e procurar recuperar aqueles cuja fé estava oscilando (“arrebatando-os do fogo”; v. 23). Essa prescrição para confrontar os erros espirituais é tão oportuna hoje quanto era quando na época em que foi escrita.

Judas é também notável pelo seu uso de materiais não canônicos. Conquanto as alusões a materiais extrabíblicos e citações deles sejam relativamente raras no Novo Testamento, esse uso ocasional não é de admirar, especialmente dada aceitação de obras religiosas não canônicas durante esse período de tempo e do desejo dos escritores do Novo Testamento de comunicar a mensagem do evangelho em linguagem e termos familiares a seus leitores. Outros exemplos incluem o uso semelhante da literatura apocalíptica por Pedro (2 Pedro) e o uso de Paulo das elaborações da tradição de Êx 7,11 em 2Ts 3,8, bem como as citações que ele fez dos poetas pagãos (At 17,28; 1Co 15,33; Tt 1,12). O uso desses materiais para propósitos ilustrativos ou como um apelo subsidiário à SABEDORIA convencional não implica nem a inspiração desses documentos não canônicos e nem a exatidão de todos os materiais que eles contêm.







O leitor moderno corre o risco de ficar desconcertado com a Epístola de Judas, cuja mentalidade lhe parecerá estranha: é que muitas alusões podem escapar-lhe.

Esta epístola previne o leitor contra falsos doutores, difíceis de identificar. O retrato dos adversários inclui traços convencionais, clichês da literatura polêmica do judaísmo contemporâneo da era messiânica: esses homens são glutões, devassos, gananciosos, interesseiros... São acusados de introduzir divisões na Igreja, de insultar ao anjos, de renegar o YHVH Yahushúa O Mashiach (Maschiyah). Tratar-se-ia de gnósticos, de pessoas com pretensão a ser os detentores do único verdadeiro conhecimento (gnose) que salva e em nome do qual desprezam a carne, entregam-se a vícios contra a natureza e põem em dúvida a Encarnação? Isto explicaria por que o autor os chama, ironicamente, de “psíquicos” (v. 19): eles, que se gabam de possuir uma essência superior, são na realidade movidos por seus próprios instintos e não pelo Rúkha Qadôsh (Espírito Santo). Não obstante, é difícil delimitar as suas doutrinas. Só tentaremos caracterizar o ambiente do autor.

Este ambiente se manifesta em estreita conexão com os círculos que, a partir do século II a.C., viram a elaboração da literatura apocalíptica e transmitiram obras como o livro de Henoc, a Assunção de Moisés, os Testamentos dos Doze Patriarcas. O autor cita até textualmente uma passagem do livro de Henoc (vv. 14-15) e utiliza tanto a própria Assunção de Moisés, como um documento parecido (v. 9).

Esse mesmo ambiente dá ainda grande importância à veneração de certas categorias angélicas (v. 8); caracteriza-se pelo horror à contaminação e pela separação dos ímpios, quando considerados incuráveis: “Execrando-se até a túnica contaminada pela carne” deles (v. 23). Estas concepções – opostas às concepções propriamente paulinas – encontram-se na literatura qumrânico-essênia, na qual circulavam igualmente as obras apocalípticas acima mencionadas. Há aí um elemento interessante para tentar definir os círculos judeu-messiânicos em que foi elaborada a Epístola de Judas. Todavia, a veneração do autor pelos anjos não prejudica a sua christólogia, já que ele confessa, contra os adversários, o “YHVH YahuShúa Maschiyah” (v. 4); Yahushúa é aquele em quem é necessário pôr a própria expectativa para a vida eterna (v. 21).

É também numa linha apocalíptica que se situa a pregação da epístola a respeito do julgamento dos ímpios. O castigo virá inexoravelmente; já está prefigurado na condenação dos anjos culpados, na punição de Sodoma e Gomorra, no extermínio das gerações incrédulas no deserto. Repare-se na mentalidade tipológica que subjaz a estes exemplos. Os ímpios aparecem já castigados pelas grandes condenações de outrora; o autor chega até a dizer que eles pereceram na revolta de Core (v. 11). O presente já está anunciado e contido no passado. Esta atualização da Escritura prolonga concepções judaicas: ela é marcada por uma época; mas é um jeito de afirmar que as maneiras de agir de ‘Elo(rr)hím(i) Yahu permanecem idênticas, e que a Escritura continua como norma sempre válida para o tempo presente. (Observe que não é a “Bíblia” mas sim a: “ESCRITURA SAGRADA QUE É COLOCADA EM PAUTA...!”) grifo meu.

O autor da epístola apresenta-se como senso Judas, irmão de Tiago. De fato, o Novo Testamento fala de Tiago e Judas, irmãos do YHVH, irmãos também de Joset (ou José) e de Simão (Mc 6,3; Mt 13,55). Tratar-se-ia pois de Judas, distinto de Judas Tadeu, um dos Doze, citado em Lc 6,16; At 1,13 (cf. Mc 3,18; Mt 10,3). Mas terá sido mesmo ele o autor desta epístola? Com efeito, algumas indicações da epístola revelam-se pós-apostólicas (no v. 3 fala-se da fé transmitida aos santos e, sobretudo, no v. 17, do ensinamento dos apóstolos, que parecem pertencer em bloco ao passado): o autor deve, portanto, basear-se em ensinamentos de Judas, irmão do YHVH. Nas esferas em que ele vivia, veneravam-se os irmãos de Yahushúa, Tiago e Judas, e se divulgavam os seus ditos. Por outro lado, não se poderia atrasar demais a data de uma epístola que deita tais raízes num ambiente judaico antigo. Pode-se pois considerar como data os anos entre 80-90.

Apesar de seu caráter particular, a Epístola de Judas foi reaproveitada pela segunda epístola de Pedro (cf. a introdução a 2Pe). Devia, portanto, gozar de certa notoriedade e não se poderia minimizar a força da corrente judeu-messiânica que a subtende e da qual ela nos fornece aspectos desconhecidos. Sua admissão no cânon apresentou dificuldades, principalmente nas igrejas da Síria. No século IV, Eusébio observa que alguns a contestam. Mas, por outro lado, ela é citada como Escritura pelo cânon de Muratori (pouco antes do ano 200) e por Tertuliano (por volta do ano 200); é comentada por Clemente Alexandrino (inícios do século III) e citada por Orígenes (nascido em 185/6, falecido em 254). Foi, portanto, aceito muito cedo em Roma. Alexandria e Cartago. Segundo Jerônimo (nascido cerca de 345 e falecido por volta de 420), as reticências que envolvem a epístola deviam-se aos empréstimos feitos por ela a escritos não reconhecidos pelas Igrejas.

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