Jerusalém e o Templo. Profundamente imbuídos do pensamento deuteronomista, os Livros dos Reis atribuem importância considerável a Jerusalém e ao culto celebrado no Templo. Acima de tudo, Jerusalém é a cidade “escolhida” por Yaohu (1Rs 8,12). Em seguida, é a cidade do Templo, e 1Rs 8,15-19 recorda que esse Templo tem como origem o desejo de Davi de construir uma Casa “PARA O NOME DO: ETERNO – YAOHU-UL (cf. 2Sm 7,1-16)”. A importância do santuário é claramente definida na oração de Salomão (1Rs 8,23-53), por ocasião da dedicação do Templo: este é na verdade o lugar do “encontro” (cf. a Tenda do Encontro, Êx 33,7) de Israel com seu Deus Yaohu em todas as circunstâncias da vida nacional. Também o relato da reforma de Josias (2Rs 22 – 23) é dominado pelo Templo: no Templo se encontra o rolo da Lei, é em primeiro lugar o Templo que é purificado, e é o Templo que, doravante, deverá centralizar toda a vida sacrifical de Israel. Essa reforma marcou a tal ponto o autor bíblico que ele mencionará como que se desculpando a antiga prática de oferecer sacrifício fora de Jerusalém (1Rs 3,2; 22,44; 2Rs 12,4; 14,4; 15,4.35), conquanto, historicamente falando, o fato fosse perfeitamente legítimo (cf. Elias no Carmelo, 1Rs 18).
Graças à importância central atribuída ao Templo, os sacerdotes desempenhavam uma função preponderante na celebração do culto. Segundo a reforma de Josias, somente aos sacerdotes, e especificamente os de origem levítica, será reservado o direito de oferecer sacrifícios. 1Rs 8,1-6 já evoca o papel que desempenharam por ocasião da dedicação do Templo de Salomão. Enfim, aos sacerdotes é atribuído à preservação da dinastia davídica no momento em que Ataliá tentava extingui-la (2Rs 11). O autor chega a enfatizar que Joás fez o que é reto aos olhos do ETERNO porque o sacerdote Ioiadá o educara (2Rs 12,3). E já fora um sacerdote que ungira Salomão (1Rs 1,39).
Em face da ordenação rigorosa de um culto centralizado em Jerusalém e dirigido por sacerdotes levitas, o autor dos Livros dos Reis manifesta total desaprovação à iniciativa tomada por Jeroboão de organizar o culto em outros santuários, como em Dan e em Betel. Seria esse o “pecado de Jeroboão” ou o “caminho de Jeroboão” (expressões que se repetem umas vinte vezes) e que ele condena radicalmente, como vinte vezes ainda acusará o mesmo rei de ter “levado Israel a pecar”, e seus sucessores, de o terem imitado. Para o autor, a desobediência à ordem de não oferecer sacrifícios senão em Jerusalém é tão grave que bastaria tão somente essa inobservância para acarretar um julgamento global de condenação para o reinado de um rei, mesmo que este, em outras situações, houvesse testemunhado sua fidelidade ao ETERNO, derrubando os altares de Baal (cf. 2Rs 3,1-3). Tais práticas cismáticas serão deploradas ainda após a ruína de Samaria (2Rs 17,32).
[Imagine o termo: houvesse testemunhado sua fidelidade ao Senhor, derrubando os altares de Baal, ou seja: O “Senhor” – derrubando os altares do “Senhor – Baal” RIDÍCULO!]. ANSELMO ESTEVAN. Por isso, mudei o termo SENHOR = Baal. Para o correto “UL” = ETERNO.
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