Contexto religioso e moral. A política externa e interna não era o único objeto das críticas do profeta e das sentenças que ele proferia em nome do seu Deus – Yaohu. Ele denunciou em Israel uma corrupção moral profunda (4,1-2; 6,7-10; 7,1), a falta absoluta de justiça social, a responsabilidade culposa das elites. Principalmente na infidelidade religiosa. Oseias vê a raiz de todas as outras formas de corrupção e a causa de todas as desgraças. Oseias não foi o primeiro profeta em Israel a se insurgir contra a infidelidade religiosa, reivindicando a pureza e o absoluto das exigências do ETERNO, o Deus que fizera Israel sair do Egito e que não tolerava repartir seu culto com outros deuses. Mas talvez a situação que Oseias teve de enfrentar fosse menos nítida, talvez a sedução do sincretismo fosse mais dissimulada e, portanto, mais perigosa do que, por exemplo, na época de Elias (cf. 1Rs 18). {Nitidamente o culto a Baal – e agora trocando o Nome do Deus Vivo “Yaohu” - para SENHOR = BAAL. Anselmo Estevan.}.
O mais grosseiro fascínio era o dos deuses de Canaã. Era tentador adotar, não necessariamente no lugar, mas ao lado do ETERNO, divindades cananéias, consideradas de modo geral como as provedoras das necessidades da vida camponesa: eram deuses das forças da natureza, das chuvas, das tempestades, da fertilidade do solo. Os israelitas podiam querer conciliar os favores dos deuses de Canaã, tomando assim todas as cautelas para sobreviver bem, sem abandonar a Yaohu – o Deus dos pais. Aliás, este sincretismo religioso devia ser facilitado pelo fato de que, para alguns israelitas, não era senão o retorno a antigos costumes até certo ponto abandonados por ocasião da aliança de Siquém (Js 24). À sedução dos lugares altos (4,12s.) Oseias opõe corajosamente a sedução que o ETERNO há de exercer em relação ao seu povo (2,16-25). De resto, o profeta vai muito longe nessa tática, voltando contra os partidários da religião Cananéia os seus próprios argumentos: não é o ETERNO mesmo, e não os deuses de Canaã, que assegura ao seu povo a fertilidade do solo (2,7-11.23-25; 14,6-9)?
O casamento do profeta. A audácia do profeta Oseias tem algo de surpreendente. Ele realiza simbolicamente na sua própria vida as relações entre o ETERNO e o povo infiel. Ele se põe, por assim dizer, no lugar de Yaohu, toma a si os sentimentos que o ETERNO parece experimentar; é digno de nota que no livro de Oseias o ETERNO fale freqüentemente na primeira pessoa. O casamento de Oseias (nos três primeiro capítulos do livro) sempre foi um dos pontos mais controvertidos da exegese bíblica. Verdade é – voltaremos a isto – que o aspecto anedótico aí tem pouca importância em relação à mensagem do profeta. Todavia não se deve deixar de levar em consideração uma possível experiência dramática de Oseias em sua vida matrimonial; nem é provável que se trate uma simples imagem literária. Observaremos nas notas que, se os filhos de Oseias têm nomes simbólicos, o mesmo não de dá com Gômer; se se tratasse de pura e simples ficção, a mulher de Oseias é que deveria ser mais marcada, até em seu nome, pelos traços da alegoria. O casamento de Oseias, sem ser uma ficção, é um símbolo; por isso, é quase impossível, encontrar o elemento factual por trás da narrativa – e seria também inútil. Trata-se, antes, de uma ação profética, à semelhança dos gestos realizados pelos profetas (cf. Ez 20,1-6; At 21,10-14), cujo significado é transmitido pelo próprio gesto; aliás, todo o livro de Oseias é um comentário da ação profética dos capítulos 1 – 3. Os comentadores têm discutido muito a respeito de Os 3: apresenta novo casamento, com outra mulher que não Gômer? (A respeito veja-se a nota relativa a 3,1, que aborda a dificuldade de tradução no caso.). Parece mais verossímil que Os 3 se refira a Gômer ressaltando a intensificação do amor de Oseias por Gômer, isto é, do amor do ETERNO para com o seu povo. Oseias sabe que Gômer é infiel, e, podemos dizer, desesperadamente infiel. A expressão insólita “mulher de prostituição” já é simbólica, mas é bem provável que Gômer estivesse envolvida nos cultos de fertilidade de origem Cananéia e que tomasse parte na sua liturgia sensual (ver o que sugerem passagens como Os 2,4.15; 4,13-14). Esposar tal mulher já era um gesto insensato... Tão insensato quanto o amor do ETERNO por seu povo. Voltar a procura-la e preservar a união com ela, sem que houvesse reciprocidade nesse amor, devia ser um extraordinário aprofundamento de tal amor. Só a experiência de um isolamento total – inclusive com relação ao marido – poderia levar Gômer à reflexão e à conversão; da mesma forma, só a experiência de um despojamento total dos próprios bens – inclusive dos bens religiosos ou do relacionamento com Yaohu – poderia induzir Israel ao retorno a si mesmo e ao retorno ao seu Yaohu. Ao mesmo tempo, porém, Os 3 manifesta o apego de Oseias a Gômer até mesmo quando esta se tornou infiel, e porque ela se fez infiel! Manifesta a fidelidade do ETERNO ao seu povo até mesmo no pecado e apesar do pecado, do qual Israel não se podia livrar: na verdade, só o amor de Yaohu a Israel podia livra-lo do pecado. Assim há no livro de Oseias, ou na extravagante aventura de sua vida conjugal, uma experiência que esclareceu ao homem o que pode ser o coração de Yaohu: O que, na plenitude dos tempos, seria formulado para os Remanescentes pelo Apóstolo: “Sim, quando ainda estávamos sem força, O UNGIDO, no tempo determinado, morreu em prol de ímpios. Dificilmente alguém se disporia a morrer por um justo; talvez aceitasse morrer por um homem de bem. Mas nisto Yaohu prova o seu amor para conosco: O UNGIDO morreu por nós quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,6-8). Amando Gômer tal como era, Oseias compreendeu e soube exprimir o amor do ETERNO para com seu povo tal como era. É por isso que no livro de Oseias o amor prepondera sobre a indignação e a cólera; todavia não se trata de amor idílico e ignorante, e sim de amor amadurecido pelo sofrimento, cuja exigência não reconhece o fracasso.
O Deus – Yaohu – de Israel e os baalim. Se Oseias reivindica para o ETERNO, e só para Ele, os privilégios geralmente atribuídos aos deuses de Canaã, não deixa de manifestar rigorosa intransigência para com o vocabulário e os símbolos da religião Cananéia, e não apenas para com as práticas da mesma. Verdade é que o profeta pode valer-se da semelhança de certas palavras (ver principalmente a nota a 14,9): contudo ele o faz de modo velado e sutil. Em compensação, reprova sem tolerância uma prática usual: a palavra Baal, Senhor, era o nome próprio de uma divindade de Canaã; era também o nome pelo qual a mulher podia designar seu marido; além do que, em Israel se adotara o costume de assim designar o Senhor Deus. Ora, Oseias não quer que o nome de Baal seja sequer pronunciado (2,19), nem para designar outros deuses, nem para designar o “Senhor” (2,18). [“Obs”: Na Bíblia não católicas esses versículos estão em: Os 2,13-17]. Anselmo Estevan. Provavelmente há algo de análogo na total rejeição das imagens e dos ídolos. Sem dúvida, os devotos poderiam ver nessas imagens não um deus propriamente dito, mas um símbolo da divindade: assim os jovens touros dos santuários do Norte (que Oseias zombeteiramente chama bezerros) foram concebidos como símbolos e não como representações da divindade; em Canaã esculpiam-se representações de deuses sob forma humana de pé sobre um animal; representando este apenas o suporte da divindade (ela mesma invisível), poderiam os fiéis julgar que estavam guardando o respeito devido à transcendência do ETERNO e, ao mesmo tempo, falando aos homens uma linguagem religiosa que pudessem compreender, pela utilização de símbolos a eles familiares. Todavia, se neste ponto o profeta se mostra de todo intransigente, isto se deve ao fato de que tal prática levara ao ecletismo (podemos comparar a esta atitude de Oseias a do Apóstolo Paulo em face das carnes imoladas aos ídolos, 1Co 8 – 10). Tal atitude contrasta vivamente com a que o profeta assume em outras passagens, pois, como dissemos, ele apresenta com convicção o ETERNO como o verdadeiro Deus – Yaohu, do qual se deve esperar a fertilidade da terra; contudo, o faz de maneira velada e prudente (14,9), tomando cuidado para não reduzir o ETERNO a uma das forças cegas da natureza (Oseias respeita o curso normal dos acontecimentos da natureza, como se depreende de uma leitura atenta de 2,23-24). Em todo caso, contraste não é contradição; é mesmo um modo de exprimir matizes em linguagem colorida e veemente. Oseias não tenciona banir o “Senhor” da linguagem e do pensamento religioso dos homens, mas quer que a religião esteja isenta de qualquer forma de meio-termo (sincretismo, ecletismo). {O certo, seria: “NÃO DEIXAREM DE PRONUNCIAR O NOME PRÓPRIO DO DEUS VIVO – POR SER UM NOME TÃO TEMEROSO, ETC. NÃO ACONTECERIA, DE FORMA ALGUMA TAL SACRILÉGIO – EU PRONUNCIO COM RESPEITO – YAOHU”.}. Anselmo Estevan. SENHOR, Senhor –, É igual a BAAL!! (O DIABO...). 2Co 4,4.
É por isso também que o profeta polemiza duramente contra a religião exterior, os sacrifícios e os ritos do culto. Ele não combate apenas às práticas suspeitas (4,12-14), mas práticas das mais tradicionais e reconhecidas. O que ele denuncia não é tanto o rito ou o sacrifício como tal, mas o espírito com o qual tais práticas religiosas são vivenciadas: a presunção de crer que a execução exata dos ritos basta para garantir para si automaticamente os favores de Yaohu. Compararemos 6,1-8 e 14,2-4. O ETERNO não se deixa iludir pelas demonstrações de uma piedade que, no momento do culto, pode ser sincera, mas que não implica a autenticidade da vida. Ele espera a expressão de um verdadeiro arrependimento e as provas de amor que coincidam com a conduta da pessoa. Ao lembrar isto, Oseias ultrapassa a polêmica negativa: Eu os curarei da sua apostasia (14,5), {nas Bíblias protestantes leia-se 14,4} Anselmo Estevan; pois não é só Yaohu que pode dar ao homem a graça de viver a verdade do amor? O texto de 2,20-22 o anuncia: à justiça e ao direito da antiga aliança o ETERNO acrescentará a feição e a ternura; ele estabelecerá com seu povo um novo tipo de relações baseadas na verdade e na fidelidade do coração, expressas pelas imagens da intimidade amorosa. O livro de Jeremias, que tanto deve a Oseias, dirá que se trata de uma aliança nova e que, para instaura-lo, Yaohu muda o coração do homem (31,31-34).
O livro de Oseias supõe uma época terrivelmente sombria. A situação moral e social é de corrupção total; a situação religiosa é de infidelidade; a situação política, para um observador lúcido, é desesperada. Sem dúvida, a mensagem do profeta está carregada de censuras e ameaças. Mas eis ainda um desses contrastes que chamam a atenção: vista em profundidade, a mensagem de Oseias é uma palavra de ternura e de esperança. As circunstâncias da história, as atitudes dos homens compõem um quadro sombrio. Mas as censuras proferidas em nome de Deus – Yaohu – especialmente veementes, por proceder de um amor decepcionado – cedem bruscamente às efusões de um amor que nada consegue desanimar, porque teve a iniciativa (9,10; 11,1) e, por isto, terá também a palavra final; esse amor não somente será mais forte do que a cólera (11,6-9), mas apagará o próprio pecado (14,5).
A formação do livro. Certamente não é por acaso que o livro termina com uma maravilhosa promessa; os seus oráculos – percebe-se – foram coletados segundo certa ordem. Mas não é fácil identificar o fio condutor dos mesmos. Com efeito, trata-se de uma coletânea de oráculos e palavras pronunciadas em circunstâncias determinadas, das quais só podemos reconhecer algumas.
Os primeiros capítulos consideram próximo o fim da dinastia de Iehu (1,4); pertencem ao início da atividade do profeta, provavelmente sob Jeroboão II. A segunda parte do cap. 5 alude a uma guerra (geralmente dita “siro-efraimita”), no decorrer da qual Judá dilatou seu território setentrional às custas de Israel (cf. 5,10). O fim do livro apresenta a ruína de Samaria como iminente, mas ainda não efetuada (13,9-14). Dentro deste quadro cronológico, que corresponde ao terceiro quarto do século VIII, as freqüentes alusões à política de balança de Israel entre o Egito e a Assíria, e principalmente as violentas censuras contra as intrigas palacianas que estão constantemente a perturbar a sucessão dinástica (cap. 7, cujo sentido geral é claro, apesar da obscuridade dos pormenores) são outros tantos indícios que levam a situar o livro dentro do período indicado. Todavia grande parte dos oráculos dizem respeito à situação moral e religiosa; de modo geral tem-se a impressão de que os mesmos temas voltam sem estrita concatenação – ainda que o capítulo final possa ser considerado auge e ponto de chegada.
É quase impossível definir com precisão o papel que o próprio Oseias desempenhou na redação dos oráculos. Observamos que principalmente nos três primeiros capítulos o tom é muito mais pessoal do que no resto do livro; é provável que tenhamos aí seções da lavra do próprio Oseias. Contudo, se quiséssemos daí extrair os elementos biográficos para reconstituir uma fase da vida do profeta e a sua psicologia profunda, correríamos o risco de não o conseguir e de passar ao largo da própria mensagem. Qualquer que tenha sido a experiência conjugal de Oséias (em particular, quer o cap. 3 se refira a segundas núpcias, quer à retomada da primeira aventura), é mais importante observar que essa experiência conjugal nos é apresentada não pelo interesse que possa ter, em si, como episódio ocorrido entre Oseias e sua mulher infiel, mas como o símbolo das relações entre o ETERNO e o povo escolhido. Os nomes dos filhos, a constante transição da segunda para a terceira pessoa e do singular para o plural, uma espécie de confusão intencional entre a mãe e os filhos envolvidos nas mesmas censuras, tudo nos dá a ver que o que nos é narrado dessa história pungente não se destina a satisfazer nossa curiosidade, mas “a nos instruir” (1Co 10,11; cf. Os 14,10). Aliás, já se disse que o primeiro versículo do livro foi provavelmente escrito em Judá após a queda da Samaria. No restante do livro encontram-se outros indícios de redação na Judéia (veja 1,7 e nota); os comentadores mostraram assim como palavras inspiradas em vista da situação especial do reino do Norte podiam ser aplicadas ao reino do Sul – o que não quer dizer que todas as passagens em que é mencionado Judá sejam de um redator da Judéia. Ainda o último versículo do livro, reflexão sobre o conjunto da mensagem do profeta, tal como foi consignado por escrito, é também provavelmente obra de um redator. Estas observações de crítica literária não têm apenas interesse técnico: acrescentando ao texto elementos redacionais, os escritores bíblicos mostraram a atualidade sempre viva da Palavra de Yaohu, para além das circunstâncias históricas precisas que suscitaram a primeira redação.
Embora Oseias tenha tido exígua participação na redação escrita dos seus oráculos, podemos admitir que estes tenham sido fielmente consignados: as características muito pessoais da linguagem e do estilo dão válido testemunho disto. O estilo é passional, veemente, a linguagem é forte e sonora. Mas é linguagem freqüentemente difícil, estilo, não raro, obscuro, principalmente por causa da concisão (que também lhe confere beleza). As frases são curtas e ritmadas, mas a brevidade da expressão, as construções sintéticas, a falta de coordenação, tudo o que contribui para dar à obra aspecto de poesia encantadora, faz do livro de Oseias um dos mais difíceis do Antigo Testamento hebraico, e, por conseguinte, um daqueles cujo texto foi mais submetido à crítica conjetural.
A influência do livro. A influência do livro de Oseias foi profunda através de toda a Bíblia. Jeremias é, sem dúvida, no Antigo Testamento, aquele que mais a experimentou. Retomou o tema da volta ao deserto (Jr 2,2s. e Os 2,17), e desenvolveu o da nova aliança. A imagem do livro de Oseias que mais repercussão teve é o das núpcias, significando as relações entre Yaohu e seu povo, associando-se-lhe os temas da infidelidade, do adultério e da prostituição. Encontramos tal imagem em Jeremias (2,23s.; 3,1; 30,14; 31 – 32), em Ezequiel (16 e 23), no Segundo Isaías (50,1; 54,4-7; 62,4s.); talvez seja ela a chave de interpretação do Cântico dos Cânticos. Em todo o caso, é mediante a imagem das núpcias que o Novo Testamento simboliza a união entre O UNGIDO e a Igreja, assim como no Antigo Testamento essa imagem simbolizava a união entre o ETERNO e o seu povo (Mc 2,19s.; Ef 5,25...). O Novo Testamento cita dezessete vezes o livro de Oseias, mas a sua influência não pode ser avaliada apenas pelo retorno das mesmas imagens e pelo número de referências explícitas. A teologia do livro de Oseias é a teologia do amor de Yaohu. Este amor se exprime pela solicitude e ternura na imagem do amor do pai para com seu filho; utiliza a linguagem da paixão humana na imagem do amor do homem e da mulher. Já que Oseias teve a audácia de dize-lo, é preciso que o digamos com ele: o ETERNO é um Deus apaixonado – Yaohu; fala do seu desejo, da sua decepção, da sua indignação, da sua cólera – e também da sua ternura, sempre a mais forte, pois a última palavra não pertence à cólera e à punição, mas, para lá da inevitável provação, à felicidade numa união para sempre fiel. Trata-se de uma ternura que é o contrário da fraqueza: é força de Yaohu, capaz de transformar o coração do homem e de fazer desaparecer até a recordação do pecado. Mais: Yaohu não espera o retorno do pecador para ir-lhe ao encontro. Assim o livro de Oseias vai ao que há de mais profundo na teologia e na piedade, pois, revelando a ternura de Yaohu, revela Yaohu tal como Ele é: Amor. Se esta palavra aí não aparece tão claramente quanto em João, não obstante a revelação do amor, no livro de Oseias, não pode ser posta em dúvida.
Visto que vai ao essencial, pela profundidade e a veemência da sua mensagem, o livro de Oseias é, hoje como ontem, uma palavra dirigida por Yaohu ao seu povo e à sua Igreja. O último versículo do livro convida o leitor a estar atento à atualidade da palavra de Yaohu: “Quem é bastante inteligente para compreender...?” ou, dirá Yaohushua: “Quem tem ouvidos para ouvir...?” Assim a revelação bíblica, tão inserida nas circunstâncias da história, é, para todos aqueles que a ouvem, para todos os que abrem este livro, uma palavra de Yaohu. Ao seu Povo, à sua Igreja, o ETERNO dirige hoje por Oseias uma palavra que é, simultaneamente, de censura e de ternura, de rigor e de amor. O amor de Yaohu faz esta exigência: Afastai de vós toda injustiça, preservai-vos do Logro dos ídolos – exigência absoluta, inapelável. Esta exigência, porém, é a do amor na verdade: Se Yaohu quer habitar, sem parceiro, no coração do homem, isto se explica porque, na realidade, ele não tem par; os ídolos nada são, e o socorro que vem tão-somente do homem é ilusório para aqueles que Yaohu escolheu; exclusivamente do ETERNO procedem a felicidade e a vida. É com estas palavras que se encerra o livro de Oseias, palavras que fundamentam a esperança da fé. Sem dúvida, o livro de Oseias não contém toda a revelação bíblica, mas vai tão longe e tão fundo que o povo de Yaohu até hoje não o pode ler sem estremecer de esperança e sem se interrogar a respeito da pureza da fé.
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